A Iniciativa Liberal (IL) quer que o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) inclua nacionalidade e género de criminosos e vítimas, mas essa medida levanta muitas dúvidas, como explicou Alexandra Leitão, no programa da CNN Portugal, 'Princípio da Incerteza', no domingo.
A líder da bancada do Partido Socialista (PS) admite que encontra "vantagens e desvantagens" na proposta, mas tem receio de que esta seja "uma caixa de Pandora", uma vez que considera que "o risco da rampa deslizante já começou a soar".
"Este tema é muito difícil sobre o qual não tenho uma posição ainda defina", começou por dizer, realçando que "por um lado, quantos mais dados e informações tivermos sobre a criminalidade, melhor podemos quer combater o crime, quer tomar as medidas adequadas, quer também desfazer algumas ideias feitas ou incutidas em certa medida, como por exemplo, a questão de saber se há mais estrangeiros a praticar crimes do que nacionais".
"Diria que a nacionalidade e o género me parecem elementos que podem ser importantes para definir políticas públicas, para saber mais, para se desfazer algumas coisas que têm sido ditas. Continua-se a tentar fazer uma relação entre insegurança e estrangeiros, que não me parece ser confirmada. Por esse lado, diria que isso faz sentido", acrescentou, notando, contudo, que há "outro lado" da 'moeda'.
"Receio de que se possa vir a entrar numa rampa deslizante em que a seguir se diz que é interessante também se perceber a etnia, o credo religioso ou outro tipo de coisas - quanto a mim inúteis - e que poderão resvalar para uma coisa terrível que é a culpa coletiva e esta está sempre, sempre, sempre errada, porque não há culpas coletivas", atirou ainda a candidata à Câmara Municipal de Lisboa (CML), lembrando que "o risco desta rampa deslizante já começou a ressoar".
"É uma proposta da IL mas o Chega também já veio dizer que é preciso saber também se são novos portugueses, aproveitando para criticar a lei da nacionalidade, que considera ser demasiado generosa, o que eu não concordo", explicou, sublinhando que "ainda nem se sabe se esta mudança vai acontecer e já se começa a ver qual o risco da mesma.
Perante isso, Alexandra Leitão julga que as alterações ao RASI, "por si, parecem interessantes", mas receia que esta seja "uma caixa de pandora" que, não quer "abrir".
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