A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, afirmou que o partido vê "com bons olhos esta investigação" do Ministério Público ao caso das duas mulheres que foram despedidas pouco tempo após darem à luz. Defende que vai permitir "desmentir várias notícias falsas que têm saído" e confirmar que "não houve ilegalidade" na atuação do partido durante o processo.
"A atuação do BE teve um único propósito: proteger aquelas trabalhadoras e encontrar condições para as proteger que fossem mais favoráveis às condições associadas à extinção do vínculo da comissão de serviço", afirmou Mortágua aos jornalistas no Parlamento.
Mariana Mortágua explicou que os trabalhadores do BE trabalham num "estatuto de comissão de serviço" que está diretamente associado aos "ciclos de financiamento" e pode "ser terminado a qualquer momento". Foi o que aconteceu com as duas mulheres.
No entanto, o partido reconheceu que estas duas funcionárias estavam numa situação mais frágil por terem "sido mães há pouco tempo" e garante ter tentado "procurar condições mais favoráveis do que a extinção".
"Esta tentativa e esforço, que será facilmente confirmado, foi feito sem prejuízo das trabalhadoras, para a Segurança Social ou para quem quer que seja e às custas exclusivas do Bloco. É importante que isto fique claro para que saibamos o que está em causa", esclareceu a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Por isso, a direção do Bloco de Esquerda defende que "não houve qualquer ilegalidade neste processo".
"Houve um erro no procedimento que já assumimos, que teve a ver com a forma de contacto com os trabalhadores. Foi feito num momento de pressão em que tentámos dar resposta, o mais rapidamente possível, às pessoas que estavam ansiosas com o seu futuro, mas não quer dizer que tenha sido correto. Foi legal, mas não correto", reconheceu.
Liderança de Mortágua em causa?
Questionada sobre se hoje o partido voltaria a agir da mesma forma nesta situação e se considera ter a liderança em causa, a coordenadora do BE afirmou que as decisões no partido "são tomadas coletivamente por uma direção".
"Para o melhor e para o pior. O BE não cometeu qualquer ilegalidade, estamos muito confortáveis. A investigação poderá ter o mérito de confirmar o propósito da ação do BE, que foi proteger estas pessoas. Queremos colaborar e isso é o mais importante neste momento. Se assumimos erros no processo que têm a ver com a forma de contacto com estas trabalhadoras naquele momento de pressão, é porque obviamente não faríamos as coisas da mesma forma se fosse hoje", acrescentou Mortágua.
[Notícia atualizada às 15h39]
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