Em declarações aos jornalistas no parlamento, na sequência do relatório preliminar da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), a deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, considerou que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, "faltou para com o país e para com o INEM" e, por isso, "não terá outra solução senão apresentar a sua demissão".
"O relatório da IGAS vem deixar claro que a ministra da Saúde faltou com a verdade ao país. E, com isso, há uma responsabilidade política que tem de ser tornada consequente, tendo em conta o impacto que teve o facto de esta ausência de informação não ter permitido que fossem convocados os serviços mínimos", acrescentou.
Inês de Sousa Real referia-se ao relatório da IGAS que analisou o impacto da greve dos técnicos de emergência no ano passado e concluiu que o INEM ficou impedido de definir serviços mínimos por não ter recebido atempadamente do Ministério da Saúde os pré-avisos dos sindicatos.
A porta-voz do PAN afirmou também que a demissão da ministra deve ser independente do que venha a ser apurado daqui para a frente nas investigações em torno das mortes que ocorreram por eventual falha no socorro do INEM.
A 21 de janeiro, o PAN já tinha defendido a demissão da ministra da Saúde na sequência da polémica em torno da direção executiva do SNS.
A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, salientou que o relatório "é muito claro" ao evidenciar os problemas do INEM, nomeadamente no que diz respeito ao número de trabalhadores, como os técnicos de emergência pré-hospitalar.
Questionada sobre se Ana Paula Martins tem condições para continuar no Governo, a deputada respondeu que essa é "uma questão que a própria ministra e o primeiro-ministro têm de avaliar".
"Aquilo que nós vemos relativamente a esta matéria do INEM, depois de todas as declarações públicas que foram feitas, (...) é que estamos a falar de uma situação de grande preocupação que exige que o Governo tome medidas para assegurar condições adequadas de funcionamento", sublinhou Paula Santos.
A deputada comunista lembrou ainda que o PCP "já teve oportunidade de confrontar o Governo" sobre a necessidade de garantir meios e condições suficientes para que o INEM possa cumprir a sua missão de socorro às populações, responsabilizando o atual e o anterior executivo pela situação na emergência médica.
Para o PCP, o Governo "não atuou de forma a proteger quer os interesses dos trabalhadores, quer os interesses das populações".
A ministra da Saúde rejeitou hoje retirar ilações políticas na sequência do relatório da IGAS sobre as greves no INEM, mas reconheceu a necessidade de alterar procedimentos de comunicação no seu ministério.
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