"Não é preciso esperar pela moção de confiança. Arrastar a atual situação não beneficia nada, nem ninguém. A decisão pode ser já tomada hoje, clarificando já a situação. Não há motivos para adiar a saída de um Governo derrotado", declarou Paula Santos no encerramento do debate da moção de censura do PCP ao Governo.
A líder parlamentar perguntou se "alguém acha que há algum esclarecimento que vai alterar o que já se sabe: que há de facto promiscuidade entre o exercício de cargos políticos e interesses particulares e que as opções políticas deste Governo não resolvem os problemas, são o principal problema".
"Por isso, se o Governo não merece confiança, e não merece, se as suas políticas são desastrosas para o povo e o país, e são, só há uma solução: acompanhar o PCP nesta moção de censura", apelou.
Paula Santos questionou porque é que há partidos que "se resistem a travar o atual rumo da decadência", considerando que só adensaria "ainda mais os problemas" e criticando quem diz fazê-lo em nome da estabilidade.
"Qual estabilidade? De uma estabilidade que não existe no quadro político, muito menos na vida de quem trabalha e trabalhou uma vida inteira. É um Governo derrotado. Já todos perceberam", disse.
A líder parlamentar do PCP acusou o primeiro-ministro de ter vindo ao debate "já em tom de campanha eleitoral, recorrendo de toda a máquina de propaganda", defendendo que PSD e CDS só têm oferecer "anúncios atrás de anúncios".
Depois, acusou o PS de "enorme contradição", defendendo que o seu "discurso oposicionista não encontra correspondência quando se trata de dar a mão ao Governo no seu programa, no seu parlamento, na lei dos solos, nas benesses em IRC para os grupos económicos".
O PS "afirma que o Governo não é merecedor de confiança, critica as consequências desta políticas, mas depois não é consequente com a apreciação que faz", criticou.
Nesta sua intervenção final, Paula Santos defendeu ainda a opção do PCP de apresentar uma moção de censura, considerando que, ao fazê-lo, obrigou o Governo "a vir a público fazer o que quis evitar" no fim de semana, numa alusão à apresentação de uma moção de confiança.
"Mostrou a assertividade do PCP na sequência da declaração do primeiro-ministro ao país, de anunciar uma moção de censura, ao não ficar enredado nas suas palavras, para que no final ficasse tudo na mesma, para que o passar do tempo ajudasse ao esquecimento", afirmou.
Com a apresentação de uma moção de censura, Paula Santos defendeu que o PCP não deixou que o Governo "pudesse seguir a sua estratégia" e obrigou-o a uma definição.
"Em boa hora, tomámos a iniciativa, não nos deixando enredar no jogo de palavras da comunicação do primeiro-ministro", disse.
Depois, a líder parlamentar do PCP fez um balanço do debate que se realizou esta tarde na Assembleia da República, alegando que o partido trouxe à discussão as dificuldades sentidas pelo "país real", sem descurar a situação envolvendo o primeiro-ministro, Luís Montenegro.
"A suspeição que paira sobre a atuação do primeiro-ministro, com a manutenção de uma atividade privada quando já exercia as suas atuais funções, coloca em causa a sua credibilidade, factos que só levam à sua fragilização", disse.
Para Paula Santos, "a promiscuidade entre o público e o privado é censurável, tal como são censuráveis as opções políticas que se traduzem na degradação das condições de vida, com a manutenção de baixos salários e pensões, o aumento do custo de vida, o caminho de destruição dos serviços públicos, de desinvestimento público, de privatizações".
"Hoje há oportunidade de travar esta degradação da situação do país e abrir caminho a uma política alternativa que responda aos problemas nacionais", disse.
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