"Esse desfecho é eventualmente o mais previsível, o PSD ser mais votado e o partido que, no fundo, terá o direito de formar governo", admitiu o candidato da IL numa iniciativa no último dia da campanha eleitoral, que decorreu no Funchal e contou hoje com a presença do eurodeputado João Cotrim de Figueiredo.
Face a este cenário, Gonçalo Camelo insistiu que o partido tem uma "posição muito clara", que é estar disponível para "viabilizar um governo de centro-direita que esteja disponível para acolher as propostas, algumas das propostas essenciais [da IL] no programa de governo e depois no Orçamento da região".
"Mas, acima de tudo e como primeira condição, um Governo Regional que garanta a estabilidade na Madeira e não nos leve a eleições daqui a cerca de um ano", reforçou.
Gonçalo Camelo assegurou que esta "não é uma questão pessoal com o dr. Miguel Albuquerque, é uma questão objetiva" porque, "se não se mudar o que tem acontecido nos últimos tempos", a Madeira volta a ter "o mesmo problema".
Também opinou que esta "foi uma ótima campanha" e que "decorreu dentro das perspetivas" do partido.
Segundo o cabeça de lista da IL, o objetivo da sua candidatura é "manter a posição [do partido] na Madeira e reforçá-la se possível", tendo andado a transmitira mensagem "aos madeirenses que o único voto útil, o voto de confiança, de responsabilidade, é na IL".
"Nomeadamente, se não quiserem ter um governo liderado pelo dr. Miguel Albuquerque e condicionado ou suportado pelo Chega, o que seria a nosso ver um desastre para a Madeira", acrescentou.
Por seu turno, o eurodeputado João Cotrim de Figueiredo realçou o "excelente trabalho de campanha feito" pela candidatura da IL, admitindo ver "com preocupação esta situação de eleições: três eleições em 18 meses, ainda por cima com perspetiva de não poder resultar num cenário de governabilidade".
Para o eurodeputado, "o nível da instabilidade política" regional e nacional "é preocupante", adiantando que "ao mesmo tempo [que as pessoas] querem essa estabilidade, não a querem a qualquer custo, nem com presidentes do governo regional sob suspeita".
Garantiu que o partido será capaz de "viabilizar uma solução governativa estável, mas ao mesmo tempo será capaz de exigir que essa solução não seja só boa do ponto de vista político, seja também transparente do ponto de vista ético".
Também declarou estar convicto que a IL "vai crescer e tem uma boa hipótese de eleger um segundo deputado" para a Assembleia Legislativa da Madeira.
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem no domingo, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
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