Voto contra a Constituição pelo CDS "salvou o pluralismo"
O presidente do CDS-PP e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, defendeu hoje que o voto contra dos centristas à Constituição de 1976 "salvou o pluralismo" e permitiu a "organização da alternância política".
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Política Portas
"O voto contra a Constituição de 1976, chamo a atenção que não é a mesma de agora, salvou o pluralismo do regime político", defendeu Paulo Portas, sublinhando que, "dois anos depois, o CDS ascenderia pela primeira vez ao Governo e, três anos depois, era feita a primeira Aliança Democrática em que se demonstrou que o país podia ter a alternância, podia ser governado pelo centro direita e podia ser governado pelo centro esquerda".
Falando num almoço que reuniu os antigos líderes parlamentares centristas, comemorativo dos 40 anos do partido e evocativo da memória de Adelino Amaro da Costa, que morreu há 34 anos quando o avião em que viajava com Sá Carneiro caiu em Camarate, Portas considerou que, "sem esse voto original do CDS contra aquela Constituição, teria sido muito difícil garantir a organização da alternância política do país".
O líder centrista reiterou ainda a ideia de que o CDS tem sido chamado a governar com "a casa a arder", mas não abdica da "aspiração" de, com "mais força", estar no poder "em tempos normais" para poder mostrar que daria "conta do recado", proporcionando "uma economia mais próspera e uma sociedade mais justa".
"Com a notável exceção de 1979/1980, 2015, será, esperemos nós, o primeiro ano em que o CDS é Governo com algum crescimento económico e algum caminho para a normalidade", disse.
Além da "essencialidade para a democracia portuguesa do voto do CDS contra a Constituição de 76", Portas quis também lembrar "o acordo PCP, PS e PPD" (designação do PSD na época), nos primeiros dias da Assembleia Constituinte, para excluir o CDS da mesa da Assembleia, levando Adelino Amaro da Costa a fazer uma proclamação sobre os "direitos das minorias".
"Se a democracia é a vontade maioritária de um povo é também o respeito profundo por aqueles que não são maioria", frisou Portas.
O líder centrista disse que o CDS sempre foi um partido com quadros jovens e um "partido de compromisso e de cordialidade", afirmando que "não há incidentes que desprestigiem o parlamento" que estejam essencialmente ligados àquela bancada.
"Nunca fomos um partido de tirar o microfone aos outros", resumiu, provocando o riso na sala, pela referência a uma polémica discussão recente entre o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, o centrista Paulo Núncio, e o presidente da comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, o socialista Eduardo Cabrita.
Apesar das mudanças no partido, Portas identificou "uma constância", baseada na "visão do humanismo cristão, na defesa a iniciativa privada, no solidarismo e patriotismo".
Com exceção de Lobo Xavier e Oliveira Dias, que enviaram mensagens de saudação, estiveram presentes todos os antigos líderes parlamentares do CDS-PP, que se sentaram na mesma mesa de Paulo Portas, incluindo Basílio Horta, hoje presidente da Câmara Municipal de Sintra eleito pelo PS e que foi ainda nesta legislatura deputado na bancada socialista.
Do lado direito de Portas sentou-se António Gomes de Pinho, hoje presidente da Fundação de Serralves, e do lado esquerdo Narana Coissoró. Imediatamente a seguir a Narana, sentou-se Basílio Horta, tendo ao seu lado o atual líder parlamentar, Nuno Magalhães.
A mesa compôs-se também por Luís Pedro Mota Soares, Diogo Feio, Nuno Melo, Telmo Correia, Luís Queiró, Rui Pena e Nogueira de Brito. Paulo Portas lembrou os líderes parlamentares já falecidos, um dos quais é o antigo ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, que faz hoje 34 anos morreu quando seguia no mesmo avião que o primeiro-ministro do Governo da Aliança Democrática (AD) Francisco Sá Carneiro.
Entre a refeição e as intervenções, foram exibidos vídeos que mostraram os rostos do partido, os líderes parlamentares e os seus presidentes, sem seleções ou exceções, naquilo que Paulo Portas designou de "todo um institucionalismo" e "nenhum estalinismo, em que se seleciona os favoritos e se reescreve a história".
"Assumimos a história do partido como um todo", declarou, afirmando que, no CDS, se respeitam "todas as lideranças", e frisando que aquele é um partido que foi feito "apesar do PREC [Processo Revolucionário em Curso] e contra o PREC".
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