"Não nos interessa ser confundidos com a Grécia"
Chegou ao Governo para substituir Miguel Relvas. É visto como uma das mais relevantes figuras do Executivo de Passos Coelho e esta segunda-feira concede uma entrevista ao jornal i onde fala sobre a Grécia, a Europa e o ajustamento português.
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Política Miguel Poiares Maduro
As eleições gregas mexeram com a política europeia. A vitória do Syriza fez com que a questão das dívidas excessivas voltasse à discussão pública. Miguel Poiares Maduro, ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, considera, em entrevista ao i, que a situação portuguesa não deveria ser comparada à grega, e crítica quem o faz para aproveitar os argumentos políticos helénicos para renegociar a dívida.
“Não é do interesse de Portugal ver a sua situação ser confundida com a da Grécia. Tenho muita dificuldade em compreender que haja pessoas que já tiveram responsabilidades em Portugal e que venham, agora, defender isso”, refere Poiares Maduro ao i. Para o governante, “dizer que temos um problema semelhante ao da Grécia é aquilo que não devemos fazer.”
Então como poderá resolver-se a situação grega e da Europa? Para Poiares Maduro, desde logo, a falha está na identificação do problema inicial. “O grande problema que a Europa teve ao longo desta crise foi resultado de uma fragmentação política e económica excessiva. (…) A repartição do esforço nem sempre foi equilibrada”, explica.
Para o ministro do Executivo de coligação, porém, agora aqui chegados, o problema não poderá ser resolvido com mais transferências de fundos dos países ‘ricos’ para os ‘pobres’, pois isso pode agudizar a crispação entre a opinião pública de duas nações.
“A solução não passa pela solidariedade promovida através de transferências entre Estados-membro. Essa solidariedade traduz-se sempre na ideia de que o país contribuinte está a pagar pelo risco moral de ações do devedor”, refere o ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.
Passando para a situação interna, afirma Maduro que o ajustamento orçamental português deveria ter sido compensado por “um reforço da procura” por parte de outros países europeus, minorando assim o impacto de uma crise económica que ‘limpou’ postos de trabalho em quase todos os setores.
Ainda assim, considera o responsável político luso que os Fundos Europeus que começarão a entrar em Portugal não devem ser usados como trunfo eleitoral.
"O melhor incentivo que podemos dar a investimentos com qualidade é fazer depender o montante que pagamos dos resultados obtidos. (…) Os fundos não são nem podem ser concebidos como instrumento para ganhar eleições”, refere.
Por fim, politicamente falando, Miguel Poiares Maduro diz que gostava que pudesse existir em Portugal “uma cultura política que valorizasse mais o compromisso que o conflito”, e definindo-se como liberal, o ministro sustenta que “alguém que é politicamente liberal critica o poder excessivo do Estado, que se traduz na intervenção de um governo que beneficia uns contra os outros”, conclui.
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