"Não creio que o PS tivesse feito muito diferente"
Em entrevista ao SOL, o sociólogo António Barreto fez um balanço dos últimos cinco anos.
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Política António Barreto
"Foi dos períodos mais difíceis da nossa história do ponto de vista social, económico, cultural e moral", comenta António Barreto sobre crise pela qual o país passou nos últimos anos.
Para o sociólogo, "houve muitas famílias sem emprego. Nas últimas décadas, houve momentos complicados, (…), houve situações de insegurança, de medo, mas foi um período mais curto e havia uma tensão política no ar, toda a gente estava a dar o seu melhor. Nestes quatros anos, não houve isso, houve greves e agitação social, mas não essa tensão, foi uma coisa quase subterrânea".
A crise "enrijeceu muita gente, quem conseguiu resistir ficou com mais força, muitos ficaram com mais realismo. Estes cinco anos foram uma enorme chamada de atenção, muito séria", frisa.
Já sobre a governação do atual primeiro-ministro considera que "muitas coisas foram erradas e mal feitas", mas no final "valeu a pena porque estávamos na bancarrota". "Podemos procurar saber quem foram os culpados, se foram os governantes, se foram as classes altas, se foi a Europa, se foi a srª Merkel, podemos procurar tudo e mais alguma coisa, mas nós estávamos na bancarrota", refere.
"E se não tem havido este período da troika, da assistência financeira e de alguns dos programas que foram levados a cabo, estávamos na miséria e na desgraça total, e talvez nem tivéssemos liberdade sequer; nem um Governo de democracia hoje se fossemos verdadeiramente para a bancarrota", admite.
António Barreto considera, no entanto, que "o Governo não foi suficientemente seletivo e flexível para melhor escolher onde bater. Houve cortes – feitos em certos pensionistas, pessoas, doentes, idosos e desempregados – que foram muito a eito, porque era mais fácil".
"Sobre Passos Coelho falo sobre obras feitas, em relação a António Costa a única coisa que posso dizer é que ele ganhou o partido, mais nada", refere.
E o que teria feito António Barreto se fosse primeiro-ministro? "Eu teria feito um programa mais longo, em vez de três anos, teria feito um programa de quatros ou cinco. Podiam dizer que isso era mais austeridade, mas era mais em tempo e menos em quantidade. Talvez fosse mais suave em cinco anos", responde.
"Pelo que eu sei, não creio que o PS tivesse feito muito diferente", acrescenta o sociólogo.
Barreto não deixou ainda de comentar a prisão do ex-primeiro-ministro, José Sócrates, e quando questionado sobre se esta detenção poderia determinar as eleições de 4 de outubro, garantiu que sim. "Estou convencido que sim. Não é impunemente que um partido concorre a eleições e tem um antigo secretário-geral e um ou dois ministros presos. Mesmo que os adversários não o digam publicamente", termina.
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