Liderança e votos de protesto contra o PS justificam resultado do Bloco
O melhor resultado de sempre obtido pelo Bloco de Esquerda (BE) nas eleições legislativas de domingo deve-se à sua liderança e à canalização de votos de protesto contra o Partido Socialista (PS), segundo os politólogos ouvidos pela agência Lusa.
© Lusa
Política Politólogo
O Bloco passou a ser a terceira força partidária mais votada, com 10,21% dos votos, e mais do que duplicou o número de deputados eleitos para a Assembleia da República em relação há quatro anos: em 2011 conseguiu 5,2% e elegeu oito deputados enquanto nestas eleições tem, pelo menos, assegurados 19 deputados, quando já só faltava apurar uma freguesia, à 01:00.
Para os politólogos António Costa Pinto e Marina Costa Lobo a liderança e a "performance" dos seus dirigentes, nomeadamente da sua líder, Catarina Martins, e da deputada Mariana Mortágua, contribuíram significativamente para que o BE atingisse este resultado.
"Penso que a vitória do BE se fica a dever em grande parte à liderança e ao oportunismo dos seus deputados e, em particular, da Mariana Mortágua. É inequívoco que este partido tem um programa político, o que mudou foi, de facto, a capacidade de comunicação, que foi visível nos últimos tempos", sublinhou Marina Costa Lobo.
A investigadora deu como exemplo o "protagonismo" da deputada Mariana Mortágua nas intervenções que fez no parlamento durante a comissão de inquérito ao caso BES, além do trabalho "notável" que a líder bloquista também desenvolveu à frente do partido.
"Penso que se deve em parte a ela esta subida do Bloco de Esquerda a ultrapassar a CDU. Deixou de ser bicéfala e passou a ser uma liderança clara e eficaz", vincou a politóloga.
António Costa Pinto tem a mesma opinião, mas aponta o que, para si, foi a principal razão deste resultado histórico do BE.
"(...) Não há dúvida nenhuma que, sobretudo, o Bloco de Esquerda canalizou votos de protesto à esquerda de segmentos da sociedade portuguesa que já votaram Partido Socialista e que não deram o benefício da dúvida ao Partido Socialista nesta etapa", defendeu o politólogo.
A porta-voz do BE, Catarina Martins, avisou no domingo que "se a coligação de direita não tiver maioria não será pelo Bloco de Esquerda que conseguirá formar Governo", assegurando que vai rejeitar no parlamento essa possibilidade de governo minoritário.
"A confirmar-se que a direita não tem a maioria, se o Presidente da República, por filiação partidária ou pouca atenção aos votos, convidar a direita para um Governo, saiba que o Bloco de Esquerda, como é um partido de palavra, vai rejeitar no parlamento essa possibilidade e o programa de um Governo de direita", disse Catarina Martins na sede do BE da noite eleitoral, em Lisboa.
À 01h05, quando faltava apurar apenas uma freguesia das eleições legislativas deste domingo, a coligação Portugal à Frente (PAF) reúne 36,85% dos votos (97 mandatos), o PS tem 32,38% dos votos (83 mandatos) e o BE arrecada 10,21% dos votos (19 mandatos), segundo os números oficiais do escrutínio.
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