Em entrevista à Agência Lusa, Heloísa Apolónia, condenou a recente sugestão de revisão constitucional do primeiro-ministro para novas eleições legislativas, orgulhando-se por conseguir "puxar o PS" para "o lado certo" e deixar a direita a ter de acatar a ideia da perda da maioria absoluta.

"Considero aberrante essa posição de Passos Coelho, querendo agora arranjar todos os truques, no sentido de se manter no poder, e uma revisão constitucional não pode ser vista como um truque. Não querem largar o poder de maneira nenhuma, mesmo quando perderam a maioria dos deputados na Assembleia da República (AR), e não têm mais ninguém que com eles queira formar Governo ou apoiá-lo à direita", disse.

Na interpretação da deputada ecologista, sociais-democratas e democratas-cristãos estão a "arranjar todas as manigâncias para subverter a vontade dos eleitores, que foi ditar uma maioria de deputados para vários partidos que se comprometeram com uma série de mudanças".

"Aquilo que se percebe é que a coisa está a subir de tom do lado da direita, do PSD e CDS - é uma incapacidade de aceitar a solução que os eleitores ditaram para a presente legislatura. O que me parece óbvio é que vão ter de aceitar a situação e conviver com ela. Farão, nesse caso, oposição e permitirão que haja uma política alternativa", anteviu.

A dirigente do PEV lembrou que, "durante a campanha eleitoral, 'Os Verdes' concorreram na CDU, como é sabido", uma coligação que sempre foi muito clara nos seus objetivos: "era fundamental que quer PSD/CDS, quer o PS, não tivessem uma maioria absoluta porque seria tudo igual ao que era antes e a prossecução de políticas seria muito idêntica e nós precisávamos de sair desta lógica de austeridade e empobrecimento".

"Estamos a fazer exatamente aquilo que dissemos. Tornámo-nos uma força bastante para conseguir puxar, neste caso o PS, para o lado certo das medidas que é fundamental tomar no país. Neste caso, estando em condições de formar um Governo, iniciar funções e, ao nível parlamentar, construir essa política alternativa", resumiu.

Questionada sobre o alcançar de um assento parlamentar por parte do PAN, também dedicado às questões ambientais, Heloísa Apolónia, deu as boas vindas ao novo deputado André Silva, cuja força partidária concorreu isoladamente, ao contrário do PEV, que sempre se submeteu a sufrágios inserido na CDU.

"'Os Verdes', por si, têm trazido esse contributo à AR e continuarão. Não nos sentimos ameaçados por ninguém que traga mais contributos, e o seu reforço, relativamente a estas matérias e outras que se levantarão no decurso da legislatura", garantiu.

A norma vigente, de ponderação pela comissão executiva do PEV sobre a entrada na CDU a cada ato eleitoral vai manter-se, segundo a presidente daquela bancada parlamentar, mesmo com o crescimento da votação no PAN.

"Até a data, 'Os Verdes' têm considerado que concorrer na CDU é extraordinariamente positivo porque esta coligação permite uma abrangência e um alargamento que não se restringe ao PCP e PEV, mas promove um alargamento de gente que chega a esta coligação para participar, intervir e ser uma peça na transformação que desejamos construir neste país", regozijou-se.