"A realidade económica dos últimos anos tem sido vivida de forma dramática pelos portugueses e pelos contribuintes em função de uma ideologia, que foi a ideologia da austeridade que prevaleceu durante quatro anos e meio", afirmou Sampaio da Nóvoa durante um debate com os candidatos Vitorino Silva e Jorge Sequeira na SIC Notícias.
"Essa ideologia da austeridade, esse experimentalismo ideológico a que Portugal e os portugueses foram submetidos durante quatro anos deu resultados dramáticos e a realidade está ai", acrescentou Sampaio da Nóvoa.
A afirmação do antigo reitor da Universidade de Lisboa foi feita depois de questionado pelo jornalista Anselmo Crespo sobre a declaração do Presidente da República, Cavaco Silva, de que na política económica a "realidade acaba sempre por derrotar a ideologia".
"Esta austeridade, hoje, é reconhecida praticamente por toda a gente como tendo sido um experimentalismo ideológico, uma ideologia fundamentalista que nos conduziu a uma situação de grande dificuldade", insistiu.
O candidato salientou que as dificuldades persistem, mas que podem ser combatidas com outras políticas, incluindo as que "apostem nas pessoas, na economia, no trabalho".
Para Vitorino Silva, os últimos anos de austeridade não valeram a pena.
"O povo teve de apertar o cinto e o pescoço e a dívida aumentou", afirmou, salientando que a alternativa é arranjar uma forma de os "povo deixar de ser comido pelo tubarão".
"A partir do momento em que o povo deixar de ser comida para tubarão, os tubarões morrem à fome", insistiu.
O candidato Jorge Sequeira defendeu que os últimos governos não têm apostado no caminho certo.
"O que conduziu a esta situação foi a dicotomia, as fações. Somos todos o mesmo Portugal e chega de deitar as culpas ao pai, ao professor pelas más notas, ao polícia pela multa. Temos de ter mais gestão", disse.
Jorge Sequeira sublinhou também que há pessoas com uma capacidade enorme, com uma "vontade de fazer a diferença excecional", mas que depois batem num poder político, de decisão, sem experiência.
"Se fizéssemos na Assembleia da República uma avaliação curricular como se fazem nas empresas muitas delas não entravam na Assembleia da República", afirmou.