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Resultados mais à Esquerda podem refletir apoio ao Governo PS

Os resultados nas presidenciais dos candidatos apoiados pelo BE e PCP podem dar pistas sobre o impacto do apoio dado ao Governo de António Costa, sobretudo no caso do Partido Comunista, segundo politólogos ouvidos pela Lusa.

Resultados mais à Esquerda podem refletir apoio ao Governo PS
Notícias ao Minuto

07:10 - 25/01/16 por Lusa

Política Politólogo

"Nós não sabemos exatamente o que é que se passou com a relação entre o eleitorado do PCP e o seu candidato, ou o eleitorado do Bloco e Marisa Matias, muito embora aqui seja natural que tenha recolhido uma parte significativa do eleitorado que já tinha votado no Bloco de Esquerda nas eleições legislativas [de outubro] ", afirmou à agência Lusa António Costa Pinto, professor no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa.

Costa Pinto referiu dois fatores que podem explicar o fraco resultado de Edgar Silva.

Desde logo, "a escolha do candidato ser muito 'localista', ou seja, o candidato era uma personalidade política regional na Madeira, aliás, ironicamente, com 19% de votos na Madeira, mas com um indicador de notoriedade muito pequeno globalmente no território português", sublinhou.

Por outro lado, disse Costa Pinto, "por ser uma candidatura que sob o ponto de vista estritamente político e estratégico não chegou sequer a mobilizar metade daquele que é o eleitorado típico do PCP".

E realçou: "Mas também pode aqui significar algo que pode remeter para uma mobilidade do eleitorado de esquerda, nesta fase em que o PS conta com o apoio dos dois partidos à sua esquerda [a nível de Governo]".

O politólogo reforçou que "pode existir não propriamente uma conflitualidade, mas o início de alguma mobilidade eleitoral futura entre os partidos de esquerda, caso, por exemplo, existam eleições legislativas antecipadas".

Nesse caso, olhando para os resultados do sufrágio de domingo, o eleitorado do BE parece estar mais recetivo a entendimentos à esquerda, enquanto o eleitorado do PCP pode mostrar maior resistência a essa solução.

Já Adelino Maltês, professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade Técnica de Lisboa (UTL), olhando para o resultado de Edgar Silva, considerou que "há aqui uma evolução e isto é o principal desafio político dos próximos tempos".

De acordo com o especialista, "a escolha do novo líder daquele coletivo que é o Partido Comunista, atendendo às informações que todos vão dispondo sobre a reunião tensa do Comité Central para decidir o apoio a este tipo de plataforma de esquerda que sustenta este Governo, vai levar a alguma reflexão e a alguma decisão mais nervosa quanto à escolha do próximo secretário-geral".

Na sua opinião, "não está em causa Edgar [Silva], mas sim a opção que o coletivo tomou", pelo que é necessário aguardar, "mas esta pode ser a principal consequência política a nível partidário nos próximos tempos".

Quanto à candidata Marisa Matias, apoiada pelo BE, Adelino Maltês considerou que "fez uma candidatura de garra até ao último minuto", concluindo que "este tipo de estilo resulta".

Sobre Vitorino Silva, conhecido como Tino de Rans, o grande "vencedor" do grupo de cinco candidatos menos preferidos nas sondagens com mais de 150 mil votos, a 30 mil de Edgar Silva, os dois politólogos consideram que conseguiu um resultado de alguma forma surpreendente.

"É outra candidatura que não deixa de ser interessante, mas estamos a falar em eleições pouco participadas e, portanto, teríamos que afinar bastante para perceber até que ponto Tino de Rans não foi o modelo, ainda que numa versão muito modesta, de um candidato mais próximo de algum populismo", afirmou Costa Pinto.

E realçou: "O que é muito interessante é o facto de uma candidata que foi presidente do PS [Maria de Belém Roseira] e que contava apesar de tudo com setores importantes, ter obtido resultados muito próximos de Vitorino Silva".

Já Adelino Maltês considerou que Tino de Rans "utilizou tudo nos tempos de antena, com algum profissionalismo, diga-se de passagem. Vê-se que é alguém muito experiente, não desceu de paraquedas na política".

"É um voto naquele estilo, de uma certa autenticidade, da ida aos emigrantes e, sobretudo, daquele tipo de filosofia quase à António Aleixo que ele utilizou", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito no domingo Presidente da República com 52% dos votos, correspondendo a 2,4 milhões de eleitores, seguindo-se António Sampaio da Nóvoa (22,89%), Marisa Matias (10,13%), Maria de Belém Roseira (4,24%), Edgar Silva (3,95%), Vitorino Silva (3,28%), Paulo de Morais (2,15%), Henrique Neto (0,84%), Jorge Sequeira (0,3%) e cândido Ferreira (0,23%).

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