"A Língua portuguesa também é machista"
Distinção entre ‘portugueses e portuguesas’ faz sentido? Edita Estrela critica quem acha que o feminino cabe no masculino.
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Política Edite Estrela
Edite Estrela dedicou um artigo de opinião publicado no site Ação Socialista à forma como a linguagem interfere na igualdade de géneros, no seguimento de um texto de Miguel Esteves Cardoso, ao qual Luís Aguiar-Conraria reagiu.
As críticas da socialista dirigem-se ao escritor, por este ter afirmado que “’um erro e um pleonasmo’, ‘uma estupidez, uma piroseira e uma redundância que fede a um machismo ignorante’ usar o plural feminino (portuguesas) em simultâneo com o plural masculino (portugueses) por achar que elas, as mulheres, já estão incluídas no masculino”.
“Eles incluem-nas a elas, mas o contrário não é aceitável”, insurge-se a deputada, que cita o filósofo Wittgenstein, para quem “a linguagem é um espelho do mundo” e “os preconceitos deixam a sua impressão digital na linguagem que, mesmo quando não é percecionada como tal, pode ser racista, sexista e misógina”.
Na opinião de Edite Estrela, “a linguagem promove a desigualdade se usarmos uma linguagem que consagra a ideia do masculino como universal. Promove a igualdade se usarmos uma linguagem inclusiva. Usar uma linguagem que desconstrua a ideia do masculino como universal não é pleonasmo, muito menos erro, é promover a igualdade de género. Aceitar o masculino como universal é não reconhecer às mulheres a condição de sujeitos, deixando-as invisíveis, logo inexistentes”.
Sendo que “o português foi-se transformando a partir do latim vulgar, que possuía os géneros masculino, feminino e neutro e os idiomas vindos do latim suprimiram o género neutro, considerando que o género masculino cumpria essa função”, considera a socialista que “daí advém o que podemos classificar de ‘machismo’ da língua portuguesa”.
Nesta senda, dá o exemplo da “língua inglesa, que não faz qualquer distinção de género a partir de maiorias: sejam duas mulheres e um homem, sejam dois homens ou duas mulheres, usa-se sempre o pronome ‘they’”.
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