Cargo do Presidente "foi-se esvaziando, querem-no como um jarrão"
O sociólogo António Barreto analisou, esta segunda-feira, aqueles que têm sido os primeiros tempos da Presidência de Marcelo Rebelo de Sousa.
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Política António Barreto
Na estreia de Ana Lourenço na condução do programa ‘360º’ da RTP, António Barreto comentou os temas da atualidade.
Um dos assuntos sobre a mesa foi a Presidência da República e a forma como Marcelo Rebelo de Sousa tem desempenhado a função máxima do Estado.
Para o conceituado sociólogo português “está tudo a correr bem e com criatividade” para o novo Presidente que, lembra, “ainda não teve nenhum problema sério”.
“É uma vantagem ele [Marcelo] não estar comprometido com nada, nem com ninguém. Foi, aliás, a grande habilidade e inteligência da campanha que fez para chegar onde está”, considerou.
Quanto àquilo que será o percurso de Marcelo na Presidência, António Barreto acredita que o antigo comentador político vai fazer “mais um, dois, três, quatro anos para conquistar o eleitorado do centro e do centro-esquerda que não foi dele”.
“Ele deve achar que 50% é pouco. Quer ter 56%, 60% e 65%. Vai fazer um primeiro mandato ao centro e centro-esquerda, para fazer um segundo mandato à direita. É um clássico”, apontou.
Nesta senda, o sociólogo confessa-se “bastante cético” quanto ao papel que o Presidente da República pode desempenhar “no futuro”. Porquê? Porque, explica, o cargo “foi-se esvaziando, afunilando e a responsabilidade é dos partidos e dos Presidentes que se deixaram estreitar nas suas competências”.
Centrando-se naquelas que são, ou deveriam ser, as competências do Chefe de Estado, António Barreto garante que se fosse ele o Presidente “criava já um grupo de trabalho para estudar a reforma do Estado” e para “fazer uma reflexão muito futura sobre a nossa Constituição”.
O sociólogo, que confessou ser “hoje favorável a que o Presidente seja eleito indiretamente e não pelo povo”, defendeu que o elemento máximo da República deve ter meios para poder ser o “depositário da legitimidade do povo, mas também para poder exercer as suas funções e não ficar ali como um jarrão que é como o querem”.
“Se querem um sistema presidencialista então dêem-lhe [ao Presidente] os meios para isso”, rematou.
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