"Infelizmente não há uma semana que passe que não haja o alerta de uma entidade independente, seja nacional, seja internacional", afirmou Assunção Cristas, em declarações aos jornalistas à entrada para um almoço do International Club of Portugal, em Lisboa, quando confrontada com as previsões económicas da primavera divulgadas pela Comissão Europeia.
A Comissão Europeia espera que o défice orçamental de Portugal seja de 2,7% este ano, acima dos 2,2% previstos pelo Governo, e avisa que os riscos estão inclinados para o lado negativo.
Nas previsões económicas da primavera, Bruxelas refere que, "tendo em conta as especificações detalhadas de todas as medidas incluídas no orçamento de 2016", o défice orçamental deverá ficar nos 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.
Para o próximo ano, a Comissão Europeia antecipa que o défice recue para os 2,3%, uma redução que se deve "sobretudo à operação 'one-off' [temporária] de recuperação das garantias ao BPP [Banco Privado Português]", equivalente a 0,25 pontos percentuais do PIB.
Estes números hoje revelados são mais pessimistas do que o cenário apresentado pelo Governo no Programa de Estabilidade a 21 de abril, quando o executivo de António Costa reiterou o compromisso já assumido de reduzir o défice orçamental para os 2,2% este ano e para os 1,4% do PIB em 2017.
Manifestando-se "muito preocupada" com os números revelados esta manhã, a líder do CDS-PP destacou o facto da Comissão Europeia sinalizar nomeadamente a baixa do investimento, sublinhando que sem investimento não há criação de riqueza ou emprego e Portugal está "em piores condições.
A Comissão Europeia, acrescentou, sinaliza igualmente a questão dos impostos indiretos, que "o Governo costuma dizer que não tem nenhuma importância e que não afeta em nada a economia".
"As contas não batem certo, as medidas não correspondem às necessidades e por outro lado, há erros que estão a ser cometidos", disse.
Questionada sobre as declarações do Presidente da República, que considerou que se o défice ficar este ano nos 2,7% será "uma boa notícia", a líder do CDS-PP respondeu apenas que a visão dos democratas-cristãos é a mesma de sempre.
"Não há um clima de confiança para os investidores", frisou, reiterando a sua preocupação com a situação do país e com o facto do Governo parecer não estar "a ver para onde nos está a levar".
"Gostaria de não ter razão, preferiria que não aparecesse nenhum plano B nem nenhumas outras medidas e que tudo corresse muito bem, infelizmente semana após semana o que ouvimos e o que vemos nos relatórios e aquilo que atestamos no terreno vai no sentido inverso", afirmou, lembrando "um Governo que até ao final negava que houvesse um qualquer problema", numa alusão ao executivo liderado por José Sócrates, e dizendo que esperar que "o mesmo não aconteça com este" executivo.