“António Domingues demite-se, mas para surpresa de todos, entrega declarações de rendimentos e património. Desta forma, fica claro para os portugueses, que a razão da sua demissão da CGD não era a declaração de rendimentos, mas algo que para já não sabemos”.
A ‘tese’ é do fundador do CdP, Joaquim Jorge, que considera que “a polémica” novela em torno do banco público “se arrastou tempo demais, pôs em causa o Governo, a CGD e a honorabilidade de António Domingues, teve este desfecho inédito”.
Desde “a nomeação de António Domingues”, que, escreve Joaquim Jorge, “começou mal e acabou mal”, foi de “polémica em polémica, até à polémica final”.
“Primeiro foi o seu vencimento 423 mil euros anuais que suscitou contestação. Segundo, o número excessivo de administradores rejeitado pelo BCE. Por fim, as declarações de rendimentos que deram azo a contestação do próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa”, lembra.
A verdade, reforça, é que “a vida política em Portugal parece uma telenovela negra, sempre com ‘casos’ e ‘broncas’. António Domingues que sempre me pareceu ser uma pessoa honesta e credível depois desta lavagem de roupa na praça pública” acabou por “manchar o seu nome”. Pelo que, remata, “chego à conclusão que, foi enganado por promessas que não foram cumpridas”.
“A sua decisão de se demitir foi o melhor cenário e ficar longe de toda esta polémica. Esta administração da CGD estava ferida de morte, mesmo que cumprisse com todos os requisitos legais. Ficaria sobre fogo cruzado e escrutínio permanente. Podiam passar tudo isto e tomar posse, mas perante toda esta contestação que se gerou, outras provavelmente se seguiriam”, defende.
Mas, na opinião de Joaquim Jorge, o ex-administrador “ao mostrar a sua declaração de rendimentos dá um xeque-mate ao Governo e sai por cima deste imbróglio”. A questão que se coloca agora é “qual era o acordo entre o Governo e António Domingues? Os portugueses têm direito a saber o que se passou”.
“Esta e outras questões nos próximos dias terão o enredo necessário para a continuação desta telenovela negra. Portugal precisa de uma revolução de mentalidades, em que se honre a palavra e o compromisso”, conclui o fundador do CdP, rematando que o “Governo não sai muito bem disto, mas a oposição não tem arte e engenho para tirar partido desta falta de tacto e cuidado na substituição da Administração da CGD”.