“Não há banco em Portugal que escape a não ter problemas de gestão ou por umas razões ou por outras”. A afirmação é de Joaquim Jorge, fundador do Clube dos Pensadores, na sequência do recente inquérito do Ministério Público “onde se investigam factos relacionados com o financiamento concedido por Montepio Geral e BES a um fundo para aquisição de terrenos”.
À boleia do tema, o biólogo expressou a sua opinião num artigo ao Notícias ao Minuto e aproveitou esta situação para retratar o estado atual da política em Portugal, comparando-o mesmo com a série 'House Of Cards'.
Sobre o inquérito, fez notar que Tomás Correia, ex-presidente do Montepio, e Jorge Silvério, construtor civil da Amadora, foram “constituídos arguidos” devido a um “empréstimo de 74 milhões de euros para a construção em Alfragide”, mas recordou uma “outra investigação sobre circulação de fundos com origem em Angola”.
“A gestão de Tomás Correia é dúbia”, sublinhou, destacando ainda o envolvimento de um segundo gestor, Almeida Serra. Devido aos vários ‘escândalos’ que volta sim volta não várias chefias dos bancos se veem envolvidas, Joaquim Jorge realçou a importância do trabalho de um gestor.
Este deve “analisar devidamente o risco de um empréstimo”, ele “tem por obrigação fazer um controlo eficiente dos movimentos realizados”, assim como deve assegurar a “prevenção de branqueamento de capitais e financiamentos ilegais”.
“Antes do Montepio, foi a trapalhada da CGD”, lembrou Joaquim Jorge, fazendo alusão a um recente artigo da sua autoria em que retratava Portugal como um “país de corruptos, vigaristas, hipócritas, velhacos e ladrões”. “Infelizmente é bem verdade, não é geral, mas salva-se muito pouca gente”.
“A maioria dos cidadãos já chegou à conclusão de que vive na mentira política permanente e como corolário, instalou-se a suspeita constante”, constatou, principalmente pelo facto de ser difícil, “hoje em dia, confiar-se em quem quer que seja desde a política até à gestão pública”.
Tal desconfiança, na sua opinião, faz com que exista a sensação de que “na nossa vida quotidiana a política é impotente para resolver este e outros problemas” que nos dizem respeito e apontou como única solução para o problema a existência de “uma justiça exemplar”. Por fim, rematou: "A vida política em Portugal tem contornos da série 'House of Cards'".