Criação de novo mecanismo de supervisão será "sempre limitado"
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu hoje que a criação de um novo mecanismo de supervisão financeira, anunciado pelo ministro das Finanças, terá sempre um efeito limitado enquanto Portugal não recuperar o controlo público sobre a banca.
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Política Jerónimo
"É evidente que precisamos de conhecer com mais detalhe esta medida, mas aquilo que sabemos já é que o seu efeito será sempre limitado enquanto o país não recuperar o controlo público sobre a banca, bem como os instrumentos de soberania monetária e financeira que foram alienados ao longo dos anos", afirmou durante a apresentação do livro "Euro, Dívida, Banca, Romper com os Constrangimentos, Desenvolver o País", no Porto.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, anunciou hoje uma reforma da supervisão financeira com a criação de uma nova entidade que ficará com a responsabilidade da supervisão macroprudencial e ainda será autoridade de resolução bancária, retirando essa competência do Banco de Portugal.
Enquanto discursava no Parlamento, no âmbito de uma interpelação do CDS sobre supervisão bancária, o governante referiu que é necessária uma entidade que torne mais eficaz a coordenação e troca de informações entre as autoridades de supervisão financeira, ou seja, Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).
Jerónimo de Sousa salientou ainda que o governo minoritário do PS vive uma "contradição insanável".
"A recuperação e a melhoria dos níveis de vida do povo português colidem com o acatamento dos condicionamentos da União Europeia, especialmente os que decorrem da integração monetária e com os interesses dos grandes grupos económicos, associados e dependentes dos monopólios estrangeiros", frisou.
Segundo o comunista, os limites da governação são cada vez mais visíveis, sublinhando que o restabelecimento e o progresso da situação material da população, mais geralmente o desenvolvimento do país, exigem o enfrentamento dos constrangimentos externos e do grande capital nacional.
"Há uma grande verdade que o PS precisa de entender: problemas estruturais só se resolvem com soluções estruturais", sustentou.
Na sua opinião, desde a adesão ao euro, Portugal foi um dos países que menos cresceu no mundo e um dos países que mais se endividou no mundo.
"Draghi dizia que o euro é irrevogável, onde é que nos ouvimos isso, também era irrevogável para o outro e acabou por demonstrar que não há irrevogabilidade, quem pode decidir é o povo português", vincou.
Jerónimo de Sousa respondia ao presidente do Banco Central Europeu (BCE) que, hoje, afiançou que o euro "é irrevogável" e "que está para ficar".
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