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Com Passos Coelho na porta de saída, eis os nomes que se ouvem à entrada

A liderança de Passos Coelho à frente do PSD não sobreviveu aos resultados nas autárquicas do passado domingo.

Com Passos Coelho na porta de saída, eis os nomes que se ouvem à entrada
Notícias ao Minuto

09:00 - 04/10/17 por Pedro Filipe Pina

Política PSD

Na noite da última terça-feira, Passos Coelho escancarou a porta que deixara entreaberta na noite de domingo e confirmou que não se vai recandidatar à presidência do partido.

O momento, para o PSD, é de indefinição. As estruturas do partido preparam-se para o calendário interno, ao mesmo tempo que vão havendo movimentações para tentar formar possíveis candidaturas.

Quem se perfila à porta da liderança do PSD?

O único nome que neste momento parece certo na corrida é o de Rui Rio. O antigo autarca do Porto tem sido uma das figuras que, nos últimos anos, mais tem sido referida na hora de se falar na sucessão de Passos Coelho. E parecia estar pronto a candidatar-se ainda antes de se saber como seria a noite eleitoral para os sociais-democratas.

“As próximas eleições internas têm de refletir a vontade de mudança dos portugueses”, afirmou o próprio Rui Rio à revista Visão esta semana. Com a saída de Passos, espera-se que na próxima semana a candidatura de Rui Rio seja oficializada.

Entretanto, há mais nomes que vão surgindo no horizonte, que poderão ter uma palavra a dizer no futuro do PSD.

Uma dessas figuras é Santana Lopes, que no passado chegou a liderar o partido, chegando, ainda que por pouco tempo, a ser primeiro-ministro.

Na antena da SIC Notícias, no espaço de comentário que partilha com o socialista António Vitorino, Santana Lopes revelou que desde a noite de domingo que tem vindo a receber mensagens de apoiantes a incentivá-lo a entrar na corrida. Santana Lopes não confirmou se o fará, mas deixou a porta aberta. Está a “ponderar”, revelou.

Também Paulo Rangel, eurodeputado e a dada altura líder da bancada parlamentar social-democrata, num tempo em que o país era governado por José Sócrates, foi questionado sobre uma possível candidatura.

Rangel não disse que sim nem que não, mas deixou no ar um ‘nim’ com nuances bíblicas: "Como se diz no livro do Eclesiastes, há tempo para rasgar e tempo para coser, há tempo para estar calado e tempo para falar, o tempo para falar foi lá dentro e o tempo para estar calado é cá fora".

Quem parece estar a escolher com cuidado o “tempo para falar” é Luís Montenegro, outro antigo líder da bancada parlamentar do PSD. Como Rangel, Montenegro esteve na reunião do Conselho Nacional do PSD. E, tal como Rangel, terá feito um discurso na reunião do Conselho Nacional que lhe valeu aplausos de colegas de partido.

Mas sobre uma eventual candidatura, a dúvida mantém-se. No final da reunião, Montenegro escusou-se a falar à comunicação social. Não se estranhe, por isso, que por estes dias o seu nome continue a surgir entre os possíveis candidatos. Falta saber se o próprio vai preferir aguardar ou aproveitar para entrar pela porta que se abriu para a liderança do PSD.

Quem já se sabe que não está interessado em avançar para uma candidatura é Morais Sarmento. O antigo ministro do executivo de Durão Barroso aproveitou o seu espaço no programa 'Falar Claro', da Rádio Renascença, para deixar claro que "não será um dos candidatos".

Morais Sarmento colocou-se de fora da corrida, mas salientou que vê "três putativos candidatos". De dois deles já falámos: Rui Rio e Santana Lopes. O outro é Marques Mendes.

Marques Mendes já liderou os destinos do partido. No domingo, falou em “hecatombe” para descrever os resultados negativos do PSD nestas autárquicas. E aproveitou, entretanto, para elogiar a decisão “muito digna” de Passos não se recandidatar. Mas é possível que tenhamos de esperar pelo próximo fim de semana e pelo programa de comentário político semanal que protagoniza na SIC, para saber a sua posição sobre o atual momento do partido.

Quem, entretanto, já fez saber a sua opinião foi André Ventura. O comentador da CMTV foi uma das figuras da campanha autárquica, mais pelo seu discurso, que incluiu comentários polémicos sobre a comunidade cigana mas também sugestões sobre o fim da pena de morte em Portugal, por exemplo.

Ventura não adiantou quem irá apoiar, mas fez saber quem não irá apoiar. "Se o único candidato à liderança do PSD for  Rui Rio vai ter uma vasta oposição a um discurso que muitas vezes se confunde com o PS". E fez ainda uma sugestão em declarações ao Notícias ao Minuto: “primárias abertas a militantes e simpatizantes para que a escolha tenha efetivamente legitimação social ampla". Curiosamente, foi assim que António Costa chegou à liderança dos socialistas.

Passos Coelho na porta de saída

Foi em março de 2010 que Passos Coelho assumiu a liderança dos sociais-democratas. Ao longo dos anos seguintes, seria reeleito por três vezes, sempre sem oposição interna organizada.

Passos Coelho liderou o país nos tempos da troika, em que a austeridade se fez sentir na sociedade portuguesa. Levou o seu executivo até ao fim da legislatura e liderou a coligação PSD/CDS nas legislativas de 2015, onde acabaria por ser a força política mais votada.

A relação de forças no Parlamento, no entanto, faria com que o seu governo não tivesse capacidade de se segurar para um segundo mandato. O PS de António Costa acabou por formar governar, com apoio parlamentar à Esquerda, e os resultados económicos positivos dos últimos dois anos acabaram por fragilizar o discurso de Passos perante o eleitorado, algo que já se fazia sentir nas sondagens.

Na noite de domingo, o PSD teve dos piores resultados a nível autárquico da sua história, com destaque para Lisboa e Porto. Passos Coelho disse sempre que não se iria demitir por resultados autárquicos. Mas o ‘ruído’ interno que estava a crescer no partido seria demasiado para poder conter. Optou por não se recandidatar, uma decisão tomada após uma reflexão “madura e rápida”.

O partido, no entretanto, não ficará em “gestão”, assegurou Passos Coelho, que sugeriu a antecipação do Congresso social-democrata, o que permitiria agilizar a sua substituição. O Conselho Nacional do PSD deverá ter nova reunião já na próxima segunda-feira, dia 9, altura em que poderá ficar definida a marcação de eleições diretas internas e do Congresso.

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