"O mais fácil para mim seria naturalmente a demissão", diz ministra
"Acho que não é o momento para a demissão, é o momento para a ação", disse ainda a ministra.
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Política Urbano de Sousa
"Estamos a viver uma situação absolutamente extraordinária", admitiu a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, esta manhã.
A declaração surgiu em Carnaxide já após a reunião de carácter extraordinário da Comissão Nacional de Proteção Civil, na sequência dos incêndios deste domingo que voltaram a fustigar o país.
Saliente-se que os números mais recentes da Proteção Civil apontam para 27 vítimas mortais e pelo menos 51 feridos, 15 em estado grave.
Na sua declaração aos jornalistas após a reunião, a governante começou por reservar uma "primeira palavra de pesar e condolências para familiares das vítimas destes múltiplos incêndios que assolaram o nosso país e de solidariedade para com todos os operacionais que têm estado no terreno".
Já sobre a reunião com as diversas entidades ligadas à Proteção Civil, a ministra realçou que o encontro serviu para o planeamento de “medidas de reforço e supervisão” nesta altura.
Constança Urbano de Sousa foi ainda questionada pelos jornalistas sobre se tem condições para se manter no cargo dado o coro de críticas e pedidos de demissão que têm surgido, nomeadamente da parte da oposição
"Neste momento estou empenhada a trabalhar. Estamos a viver uma situação absolutamente extraordinária. É preciso recuar muito na memória para encontrarmos um dia igual", salientou num primeiro momento. E perante a posterior insistência dos jornalistas, acrescentou: "O mais fácil para mim seria naturalmente a demissão", disse a ministra, acrescentando de seguida: "Seria fácil: ia-me embora. E acha que o problema estava resolvido?", retorquiu a um dos jornalistas que a questionou.
"Acho que não é o momento para a demissão, é o momento para a ação", respondeu perante a insistência relativamente ao seu cargo político. "Para mim seria mais fácil, pessoalmente, ir-me embora e ter as férias que não tive, mas agora não é altura de demissões", afirmou.
A ferocidade com que os fogos têm atingido o país juntaram um novo registo negro de 27 vítimas mortais às 64 mortes já verificadas em junho, na tragédia de Pedrógão Grande. Sobre o que está em causa em termos de falhas que têm levado a este desfecho, diz Constança Urbano de Sousa que "o que está a falhar, falha já há muito tempo, que é a prevenção estrutural. Infelizmente", acrescentou, "a prevenção estrutural não se faz de um dia para o outro".
A ministra destacou ainda a "reflexão séria" dadas as “novas condições” que será necessário fazer para lidar com este tipo de situações, que levaram o Executivo a declarar o estado de calamidade.
"Nós temos problemas estruturais pela frente que é necessário resolver e precisamos neste momento de ter a serenidade para avaliar bem o sistema e ver quais são as medidas necessárias", disse ainda a ministra, que lembrou que neste momento Espanha não poderá prestar auxílio a Portugal dado o facto de a Galiza, onde há mais três vítimas mortais já confirmadas, estar também a enfrentar um momento difícil.
"Em situações com 525 incêndios ativos é absolutamente impossível - não há nenhum sistema que permita chegar a cada uma das pessoas", reconheceu ainda a ministra.
"Neste momento temos todos os nossos operacionais empenhados, dentro do que é humanamente possível", para responder às situações, assegurou ainda a ministra.
[Notícia atualizada às 12h00]
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