Rio quer PSD "do centro-direita ao centro-esquerda" e "reformista"
O candidato à presidência do PSD Rui Rio defende na sua moção estratégica global um partido "do centro-direita ao centro-esquerda", "reformista" e de bases renovadas, para ganhar eleições europeias e legislativas em 2019.
© Tony Dias/Global Imagens
Política Candidatos
"O PSD precisa de se reencontrar consigo próprio para se reposicionar no lugar que é seu: num centro político alargado que vai do centro-direita ao centro-esquerda, de orientação reformista e com inspiração na social-democracia e no pragmatismo social", lê-se no documento de 56 páginas, que está a ser apresentado hoje em Leiria, sob o mote "é hora de agir - do PSD para o país".
Na parte conclusiva do texto, intitulada "um partido capaz de interpretar a vontade dos portugueses e de concretizar as reformas adiadas", o antigo presidente da câmara do Porto alerta para o "grave erro político" de insistir numa "renovação [se] se fizer em torno de um inexistente conflito de gerações", pois "nunca, na sua história, o PSD se afirmou através de ruturas geracionais".
Para o ex-secretário-geral social-democrata, "o PSD perde a confiança dos portugueses quando se desvia dos princípios fundamentais da sua matriz ideológica" e "tende a silenciar a divergência, incomoda-se com o debate, torna-se intolerante perante a diferença".
Rui Rio defende que há que "ver mais longe para traçar o rumo certo" de um "partido reformista", o qual "precisa de quebrar o progressivo fechamento a que se votou".
"Por isso, tem dificuldade em renovar os seus quadros, em alargar a sua base eleitoral, em consolidar a sua implantação nas comunidades locais e nas respetivas autarquias. Como ficou bem demonstrado nas últimas eleições autárquicas, o PSD revelou uma inusitada dificuldade em recrutar candidatos que pudessem interpretar os problemas, as expectativas e ambições dos Portugueses e, muito em particular do seu eleitorado", continua.
O "partido de bases" preconizado por Rio implica, "em pouco menos de um ano e meio", a preparação para a "vitória nas eleições europeias de junho de 2019".
"Desse sufrágio retiraremos o primeiro sinal para nos tornarmos o partido mais votado nas legislativas de outubro de 2019 e, dois anos depois, queremos começar a recuperação da implantação autárquica do PSD", deseja.
Para o candidato social-democrata, "os partidos não podem continuar a fazer um imenso rol de promessas simpáticas que, depois, ficam pelo caminho, com o argumento de que "se desconhecia a grave realidade que se herdou'".
Rui Rio aponta os problemas e desafios de Portugal: "divergência económica com a Europa", "desigualdades e assimetrias", "insustentabilidade demográfica", "modelo económico assente em baixas qualificações", "elevada exposição às alterações climáticas", "centralismo e corporativismo" e "dívida externa".
O candidato defende que os sociais-democratas têm de "reconquistar a confiança dos portugueses" e não preferir "consumir-se em combates internos que não têm correspondência nos problemas dos cidadãos".
"As políticas concebem-se a partir dos problemas vividos no dia-a-dia das pessoas, não a partir de modelos preconcebidos, onde se tentam encaixar esses supostos problemas. Os modelos são apenas visões simplificadas da realidade e instrumentos orientadores da ação política", lê-se.
No documento, Rio afirma que, "quando um partido deixa de saber ouvir e sentir os anseios das populações e se fecha nas suas próprias conceções e medidas, o risco de cair na ortodoxia e no enquistamento é muito elevado".
"Por isso, entendemos que o PSD precisa de se reposicionar em função do legado histórico que lhe confere identidade, da sua cultura política e implantação, e da visão e ambição indispensáveis a reganhar a confiança dos Portugueses", declara.
O PSD escolherá o seu próximo presidente em 13 de janeiro em eleições diretas, com o 37.º Congresso do partido agendado para Lisboa, entre 16 e 18 de fevereiro.
Até agora, anunciaram-se como candidatos à liderança do PSD o antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio e o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, também antigo edil lisboeta e da Figueira da Foz.
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