Duelo final: Santana e Rio deixaram "trapalhadas" e debateram o presente

O último confronto entre Pedro Santana Lopes e Rui Rio foi numa emissão em simultâneo na Antena 1 e na TSF. Ao contrário dos debates anteriores, o passado deu lugar ao presente e até ao futuro, com Rio a admitir convidar o adversário para o seu possível Governo. Mais contido, Santana respondeu apenas com um "logo se verá".

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Sara Gouveia
11/01/2018 14:37 ‧ 11/01/2018 por Sara Gouveia

Política

PSD

Durou 90 minutos o último debate entre os candidatos à liderança do PSD. A dois dias da ida às urnas, Pedro Santana Lopes e Rui Rio enfrentaram-se, desta vez, na rádio, numa transmissão simultânea Antena 1/TSF.

Depois de uma campanha que envolveu uma 'saga' por quantos debates seriam, finalmente o duelo a três rondas foi aceite pelos dois. Primeiro na RTP, onde houve ataques constantes entre ambos, ontem à noite na TVI, onde falaram do passado, dos assuntos do dia e do crescimento económico do país e eis que chegamos ao debate das rádios, conduzido por Maria Flor Pedroso, da Antena 1 e Anselmo Crespo, subdiretor da TSF.

O confronto que começou com um ligeiro atraso, passou pelas várias temáticas esperadas. Foram trocados argumentos sobre a liderança que pretendem para o partido, o Governo de António Costa, uma possível recandidatura de Marcelo, a a Constituição Portuguesa, o mandato da PGR e até a legalização da canábis.

Para pontapé de saída foi pedido aos candidatos que enumerassem os seus defeitos e virtudes. Rui Rio apresentou a candidatura primeiro e por isso, foi o primeiro a falar, referindo ter como qualidades uma "certa estabilidade aliada à coerência" e a "idade", como defeito. Santana Lopes aponta como virtude a sua obra, "a capacidade de estar junto dos portugueses, de decidir e de fazer obra". Quanto ao maior defeito fala na sua "generosidade", no gosto que tem em perdoar, salvaguardando no entanto que na política é preciso ter "um certo killer instinct".

O debate seguiu para as autárquicas, de Lisboa e do Porto, com Santana a recusar ter peso na consciência por ter rejeitado a corrida a Lisboa, "não quis trocar Lisboa por Lisboa". O ex-autarca do Porto, sobre a mesma matéria, diz não sentir qualquer responsabilidade sobre a derrota do PSD, assumindo que não apoiou o candidato do partido. "A minha dignidade não está à venda", declarou para justificar não ter apoiado Luís Filipe Menezes, uma decisão que Santana considerou ser "inaceitável".

Sobre um eventual governo minoritário do PS nas legislativas, os candidatos concordam que isso não é uma opção. Rio diz que prefere "retirar o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista da esfera do poder", de forma a deixar o PS mais "condicionado" ao PSD e Santana foi perentório ao dizer que não viabiliza governos minoritários do PS e que sempre foi contra um bloco central, como houve em 1983, “não nos podem pedir para viabilizarmos um Governo do PS quando o PS não viabiliza os nossos sem maioria”.

A entrevista de Miguel Relvas ao Público também deu pano para mangas, com os dois candidatos a distanciarem-se das declarações do ex-secretário-geral do PSD ao jornal, sobre o facto de o próximo líder ser transitório, eleito "por dois anos" e poder ser contestado se perder as eleições em 2019. Rio irritou-se e declarou: "Deixe-me ganhar que vai ver como as coisas são”. Santana admitiu não ter lido a entrevista, mas disse que cada um é livre para dizer o que pensa. 

Depois de abordarem os pagamentos em massa de quotas e o estado do partido, as 'lapas' do PSD. Se Rio disse que "o partido tem de se r modernizado" na forma de estar na sociedade, Santana discordou da opção dos simpatizantes poderem escolher o líder do partido, falando nas 'lapas' "que andam a dizer uma coisa de uma candidatura, outras de outra".

Se acordo houve entre os candidatos, foi relativamente a uma revisão da Constituição. Para ambos esta devia ser mais curta e menos marcada ideologicamente. "É quase impossível não mexer na Constituição se queremos avançar com uma reforma de fundo do regime", disse Rio, no entanto descartaram os dois tratar-se de uma prioridade.

Uma hora depois de o debate ter começado, Marcelo Rebelo de Sousa entra em campo. Sobre uma possível recandidatura do Presidente da República, Rui Rio chuta para canto e diz não fazer sentido falar da questão agora, lançando ainda a farpa que Santana só apoia Marcelo por isso se tratar de uma "atitude popular". Santana defende-se do ataque dizendo que uma recandidatura do Presidente "deve ter o apoio do partido".

Eis que chega a questão que marcou o dia de ontem e ainda o de hoje, sobre a recondução da Procuradora-Geral da República. Neste momento os moderadores questionaram se a posição demonstrada publicamente pela ministra da Justiça está ligada à forma como o Ministério Público tem atuado em casos como o da 'Operação Marquês'. Santana referiu que não deviam ser feitas "considerações desse género sobre processos individuais". Rio repetiu, como já tinha feito anteriormente, que o Presidente "esteve muito bem" em não querer pronunciar-se sobre o tema.

Em campos opostos voltaram a estar os candidatos quando se falou da entrada da Santa Casa no capital do Montepio. Santana, ex-provedor da instituição, acha “normal” as aplicações investidas pela Santa Casa, pois já o fez antes, mas garantiu só ter mandado estudar o cenário. Contra a estratégia esteve Rio: "Se me revolto com pagar dos impostos dos portugueses por causa dos erros da banca, que se salvem pelo menos os excedentes de tesouraria da Misericórdia".

Depois de uma ronda de perguntas dos ouvintes, vieram as perguntas de resposta rápida. Sobre a legalização da canábis, Rio apoiou a medida, com "suporte da ordem dos médicos e com receita médica", Santana foi "contra",  justificando que "vivemos num tempo de ditadura moral da esquerda".

No apito final, questionados sobre se o outro dava um bom ministro, nenhum dos dois assumiu se convidava o outro. Rio garantiu que não ia marginalizar o opositor. "Se ganhasse convidaria Santana Lopes para colaborar no partido", referiu. Já Santana indicou que "logo se verá", pois, antes disso, ainda tem "de ganhar as eleições".

As eleições diretas para eleger o substituto de Pedro Passos Coelho no PSD estão marcadas para o próximo sábado, 13 de janeiro.

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