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Novo Banco? "Estas 'imparidades' são o eufemismo para roubalheira"

O Novo Banco apresentou esta quarta-feira prejuízos recorde que obrigarão o Estado a injetar mais dinheiro no banco (450 milhões de euros, segundo o Fundo de Resolução). “É uma espécie de assalto através do banco e com a colaboração de decisores destes”, comenta Ribeiro e Castro, reagindo à notícia.

Novo Banco? "Estas 'imparidades' são o eufemismo para roubalheira"
Notícias ao Minuto

10:45 - 29/03/18 por Melissa Lopes

Política Ribeiro e Castro

O Novo Banco apresentou esta quarta-feira prejuízos recorde, relativos a 2017, no valor de 1,4 mil milhões de euros. Na conferência de imprensa de apresentação de resultados, o presidente executivo da instituição, António Ramalho, culpou o aumento das imparidades, num esforço da instituição para limpar o balanço de ativos considerados tóxicos.

A notícia, dada ao final da tarde de quarta-feira, não deixou de causar indignação, uma vez que caberá agora ao Estado injetar mais dinheiro naquela instituição bancária.

“Este caso é mais uma continuação de outros. Por isso, é tão importante voltarmos a falar Português: quando ouvirmos falar em ‘imparidades’, melhor fora falarmos em roubalheira”, comenta José Ribeiro e Castro, numa publicação no Facebook.

Este prejuízo histórico do BES/Novo Banco, prossegue, “não é fruto desta gestão, que ainda limpa poeira e varre lixo de um histórico funesto, embora deixe muitas interrogações sobre decisões administrativas e políticas no percurso dos últimos anos”.

O que mais “incomoda” Ribeiro e Castro é a “palavrinha ‘imparidades’ pronunciada como um mero percalço técnico, mas que ascende, sempre que a ouvimos, a centenas e milhares de milhões”.

O ex-líder centrista recorda que já “a ouvimos” - a palavra 'imparidade' – nas crises várias de vários bancos. “A nós, cidadãos e contribuintes, importam-nos diretamente estas ‘imparidades’ do BES/Novo Banco, assim como as da Caixa Geral de Depósitos, do BANIF e (lembram-se?...) do BPN”, faz notar, reforçando a ideia: “Vamos, então, falar Português. Estas "imparidades" são o eufemismo para roubalheira”.

Falando então português, Ribeiro e Castro explica: “Trata-se de créditos concedidos para além da capacidade do devedor, e também para além da capacidade do banco que empresta. Trata-se de uma transferência de riqueza das poupanças de uns para a prodigalidade de outros.

No fundo, resume: “É uma espécie de assalto através do banco e com a colaboração de decisores destes” e, “nuns casos, esse ‘crédito mal parado’ foi todo para o lixo, numa prodigiosa destruição de valor e criminosa perda económica”. Mais: "noutros casos, esse 'crédito mal parado', saltando em fracções como um gafanhoto daqui para ali e ainda para acolá, foi aninhar-se nos bolsos de alguns", analisa. 

Por isso, defende que "é preciso alguém somar todas estas famosas 'imparidades', pesadamente liquidadas nos últimos anos, porventura com algumas ainda na fila de espera". 

"Para as conhecermos e verificarmos a sua histórica. Quanto foram? Onde se registaram? Quem eram os devedores? Como foram esses créditos decididos? Por quem? Como se registou a insolvabilidade? É fundamental inventariar a roubalheira", considera, acrescentando que urge poder voltar a confiar no sistema financeiro. 

"O mundo em que acreditamos, com liberdade económica, iniciativa privada, economia de mercado, não voltará a ser possível enquanto não repusermos regras de ordem, confiança e decência no sistema financeiro, isto é, no funcionamento dos bancos. Por outras palavras, é preciso falar Português e limpar a casa. Dê por onde der. Doa a quem doer. Nada é mais precioso do que poder confiar", finaliza. 

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