Bloco compara ataque na Síria com "guerra da mentira do Iraque"
A coordenadora do Bloco comparou hoje a mais recente investida bélica de EUA, Reino Unido e França na Síria à "guerra da mentira do Iraque", apelando à comunidade internacional para condenar aqueles atos, considerando-os sem legitimidade.
© Global Imagens
Política Catarina Martins
"Quando nos dizem que foi um ataque para proteger as populações, é mentira. É preciso dizê-lo com todas as letras: é mentira. Tudo do que (Donald) Trump, (Theresa) May e (Emmanuel) Macron querem é a escalada da guerra. Qualquer legitimidade da comunidade internacional a este ataque é um enorme erro. É bom lembrarmo-nos da guerra sob falsos pretextos ao Iraque e suas consequências", afirmou.
A dirigente bloquista, que falava durante uma conferência nacional sobre o Serviço Nacional de Saúde, em Lisboa, recordou que o ataque ocorreu na véspera da entrada naquele território de uma missão de investigação das Nações Unidas para averiguar a existência de armas químicas.
"Qualquer tentativa de legitimação deste ataque é também ser cúmplice de um crime de guerra. Para o BE, é essencial que se condene o ataque desta noite, a escalada de violência, que se aprenda com o que foi a guerra da mentira do Iraque e, sejamos justos, todos nós sabemos que não se protege nenhum povo fazendo chover bombas sobre a sua cabeça", vincou.
Os EUA, a França e o Reino Unido realizaram hoje uma série de ataques com mísseis contra alvos associados à produção de armamento químico na Síria, em resposta a um alegado ataque com armas químicas na cidade de Douma, Ghuta Oriental, por parte do governo de Bashar al-Assad.
A ofensiva consistiu em três ataques, com uma centena de mísseis, contra instalações utilizadas para produzir e armazenar armas químicas, informou o Pentágono.
O presidente dos EUA justificou o ataque como uma resposta à "ação monstruosa" realizada pelo regime de Damasco contra a oposição e prometeu que a operação irá durar "o tempo que for necessário".
Segundo o secretário-geral da NATO, a ofensiva teve o apoio dos 29 países que integram a Aliança.
A Rússia pediu, entretanto, uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU, "para discutir as ações agressivas dos Estados Unidos e seus aliados". Na reunião, os membros do Conselho de Segurança rejeitaram uma proposta de condenação dos ataques, apresentada pelos russos. Rússia, China, dois membros permanentes do Conselho, e a Bolívia, membro não permanente, votaram pelo texto, oito países votaram contra e quatro abstiveram-se.
O ataque da madrugada de hoje foi uma reação ao alegado ataque com armas químicas contra a cidade rebelde de Douma, em Ghuta Oriental, ocorrido no dia 07 de abril e que terá provocado 40 mortos e afetado 500 pessoas.
Esta manhã, na Batalha, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu-se ao ataque feito por "três amigos e aliados" e "limitado a estruturas de produção e distribuição de armas estritamente proibidas pelo direito internacional e cujo uso é intolerável e condenável", citando a posição assumida pelo Governo português, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que disse compreender as razões que levaram à intervenção militar desta madrugada na Síria, defendendo, no entanto, ser necessário evitar uma escalada do conflito.
"Portugal compreende as razões e a oportunidade desta intervenção militar", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado, acrescentando que o objetivo foi "infligir danos à estrutura de produção e distribuição de armas que são estritamente proibidas pelo direito internacional".
De acordo com o comunicado divulgado pelo ministério de Augusto Santos Silva, o regime sírio "deve assumir plenamente as suas responsabilidades", já que "é inaceitável o recurso a meios e formas de guerra que a humanidade não pode tolerar".
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