“Está finalmente no lugar certo que é o número dois. Não faz sentido – e isso foi o erro original do Governo inicial – que o líder do segundo partido da coligação não seja o número dois do Governo”.
As declarações, que reportam ao actual vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, pertencem ao antigo ministro das Finanças, António Bagão Félix, acrescentando ainda a este propósito, em entrevista ao Diário Económico, que o reforço de poder do presidente do CDS no seio do Executivo se trata de “uma correcção indiscutível”.
Para o centrista, antes da crise política que conduziu à última remodelação governativa “o CDS estava a funcionar como uma espécie de ‘sidecar’ do Governo”, enquanto agora “está na posição de pendura num rali de automóveis, ou seja, acompanha o condutor, o piloto, tem também o guia do Governo, a orientação e estão os dois envolvidos e comprometidos no mesmo objectivo”.
Bagão Félix aponta ainda outras críticas ao Executivo de Passos Coelho, nomeadamente no que às relações com o principal partido da oposição diz respeito. “O Governo falhou porque se afastou demasiado do Partido Socialista, quando queria comprometê-lo mais na concretização e até na revisão do memorando”, assinala o ex-governante.
Por outro lado, o actual comentador político, avalia a performance do antigo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, pasta que também já assumiu. “Ser ministro das Finanças significa também ter a coragem de ceder a determinado tipo de interesses e lóbis”, defende Bagão Félix, no entender de quem Gaspar “fazia parte da troika, ou seja era um quadrunvirato e não um triunvirato”.
Por fim, o democrata-cristão, que “não se importava de um dia voltar a ser actor”, observa que “a Constituição está completamente desactualizada”, e que o problema da sustentabilidade do Estado Social tem sido mais enfatizado do que deveria, o que tem transformado o “Tribunal Constitucional num órgão politicamente importante”.