Henrique Barros defende plano de resposta com cinco níveis de medidas
O epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto Henrique Barros apresentou hoje um plano de resposta à pandemia de covid-19 com cinco grandes níveis de medidas que consigam antecipar a evolução da infeção em Portugal.
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País Covid-19
Na reunião realizada no Infarmed, em Lisboa, que junta especialistas e políticos para a análise e avaliação da situação epidemiológica do país, o especialista em saúde pública sublinhou, porém, que o plano proposto -- delineado com base nas experiências de outros países da União Europeia e Reino Unido - não tem "limites rígidos" na implementação.
Assim, o plano começa no nível 0, que contempla apenas medidas individuais não farmacológicas, como uso de máscara, distanciamento e lavagem das mãos, evolui para o nível 1, em que não são autorizadas reuniões com mais de 50 pessoas, prossegue no nível 2, em que se fecham cafés, restaurantes e o comércio, continua no nível 3, em que se interrompem atividades de ensino presencial secundário e superior, e, finalmente, terminam no nível 4, com a interrupção das atividades de ensino presencial no básico e creches.
"Imaginar como é que em cada momento é o momento da incidência dos últimos 14 dias ou o valor atual dos internamentos e, a partir desses valores, prever o que irá acontecer nos próximos 14 dias e, em função daquilo que se espera, decidir já, tirando partido do facto de sabermos que as medidas demoram cerca de 10 dias a atuar. Portanto, temos assim a evidência do que poderá acontecer no pior cenário ao fim de cerca de 10 dias", explicou.
Sem deixar de notar que estes conjuntos de medidas requerem "monitorização e avaliação continuada", Henrique Barros vincou ainda que "as orientações propostas decorrem de um modelo conservador", que resultam da análise da resposta nacional quando existia um menor conhecimento da infeção, menor acesso a testes, número limitado de indivíduos imunes e ausência de vacinação.
"O plano de atuação desenhado permite antecipar a resposta a nível nacional e regional, decidir dentro de uma amplitude razoável de carga de infeção para uma resposta adequada, nomeadamente dos serviços de saúde, e acomodar o possível efeito de variantes víricas com transmissibilidade aumentada", acrescentou.
Em Portugal, morreram 16.540 pessoas dos 810.094 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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