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Discreta retomada das negociações sobre programa nuclear do Irão em Viena

As negociações sobre o programa nuclear iraniano recomeçaram hoje discretamente em Viena, com a esperança do Ocidente de alcançar um acordo nas próximas semanas.

Discreta retomada das negociações sobre programa nuclear do Irão em Viena
Notícias ao Minuto

21:11 - 08/02/22 por Lusa

Mundo Irão

De regresso à capital austríaca, as várias delegações realizaram uma série de reuniões no palácio Coburg.

É nesse hotel de luxo que decorrem as conversações entre o Irão e as restantes partes no acordo (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia).

À chegada, o negociador iraniano Ali Bagheri não fez declarações à imprensa, tal como o coordenador da União Europeia (UE) Enrique Mora, que está a supervisionar o processo e a informar os norte-americanos, presentes em Viena mas não envolvidos de forma direta.

Os diplomatas separaram-se no final de janeiro apelando para "decisões políticas", após os "avanços" feitos durante o mês, que permitiram sair de um longo impasse.

A partir de Washington, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, expressou a esperança numa solução rápida, apesar de persistirem grandes divergências.

"As duas partes deram provas de boa-vontade", afirmou.

"Há uma proposta norte-americana, há uma contraproposta (...) Não sei se vai demorar uma semana, duas semanas, três semanas, mas estamos certamente nas últimas etapas das negociações", indicou.

Na véspera, Washington não escondeu a sua impaciência.

As conversações "chegaram a uma fase em que a conclusão se torna urgente", alertou um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, inquirido pela agência noticiosa francesa AFP.

"Está à vista um acordo que responda às principais preocupações de todas as partes, mas se não for concluído nas próximas semanas, os avanços nucleares do Irão tornarão impossível o nosso retorno" ao texto de 2015, acrescentou.

As negociações começaram na primavera de 2021 para tentar salvar esse acordo destinado a impedir o Irão de se dotar de armas nucleares.

Os Estados Unidos retiraram-se em 2018, durante a Presidência de Donald Trump, que considerava o acordo insuficiente, e em seguida reimpuseram as suas sanções económicas a Teerão.

Em resposta, a República Islâmica libertou-se das principais restrições ao seu programa nuclear, colocado sob a vigilância da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).

As negociações visam aplicar um "retorno mútuo" de Washington e Teerão ao acordo, defendido pelo atual Presidente norte-americano, Joe Biden.

Segundo os especialistas, os iranianos estão a apenas algumas semanas de dispor de matéria físsil suficiente para produzir uma arma atómica, apesar de serem em seguida necessárias outras etapas.

Teerão tem negado repetidamente a intenção de conceber uma bomba nuclear, insistindo no caráter pacífico do seu programa.

Mas, perante os mais recentes avanços, os Estados Unidos querem concluir o processo o mais rapidamente possível e desejam um "diálogo direto", o que o Irão não quer, neste momento.

Evitando fazer qualquer prognóstico, a República Islâmica insistiu na prioridade de eliminação das sanções que asfixiam a economia do país.

"Um acordo em que as sanções que exercem a máxima pressão não sejam levantadas (...) não pode ser a base de um bom acordo", sublinhou na rede social Twitter Ali Chamkhani, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano, a mais alta autoridade política, militar e de segurança do país.

Se Washington continuar a encurralar Teerão, "o caminho das negociações não será fácil", sublinhou hoje, recusando-se a cumprir prazos artificiais.

Quanto às sanções a levantar e a quem dará o primeiro passo, entre Teerão e Washington, Borrell frisou que se trata de "chegar a acordo sobre o ritmo da eliminação das sanções e do regresso aos eixos do programa nuclear".

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