"Foi um sublinhado importante, mas falou-se muito em missões no exterior, quando sabemos que a Constituição aponta para um esforço primeiro dedicado para a defesa nacional. De qualquer forma, [o discurso] teve interesse no levantamento dessa questão, embora não tivesse referido o problema principal com o qual hoje as Forças Armadas se debatem que é o seu estatuto socioprofissional, as suas promoções, as suas carreiras, os seus vencimentos", argumentou Jerónimo de Sousa, em reação ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa na sessão solene comemorativa do 48.º aniversário da Revolução dos Cravos.
Nos Passos Perdidos da Assembleia da República, o secretário-geral do PCP defendeu que olhar para as condições salariais dos militares "é fundamental" para que haja "Forças Armadas dignificadas".
"Creio que o Presidente da República omitiu esta componente, esta dimensão, que hoje existe nas nossas Forças Armadas", completou, acrescentando que o chefe de Estado fez apenas uma "referência à existência desse problema, mas não concretizou".
Jerónimo de Sousa foi questionado sobre o discurso da líder da bancada comunista, Paula Santos, que se insurgiu contra o que o partido diz que são as "novas censuras" e a tentativa de imposição de um "pensamento único".
"Fico preocupado de ouvir algumas expressões que vão ao encontro dessa ideia: 'Ou és por mim ou contra mim'. Muitas vezes temos sido confrontados com essa opinião e penso que esta questão da democracia, da pluralidade, do direito a dizer 'não' ou a dizer 'sim', em divergência ou em convergência... Quero-vos dizer que procuramos sempre sublinhar aquilo que é fundamental. Não à escalada da guerra, sim à paz", referiu.
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