Mal o Presidente do Brasil, Lula da Silva, iniciou a sua intervenção na sessão solene de boas vindas, os deputados do Chega levantaram-se e empunharam três tipos de cartazes, onde se liam "Chega de corrupção", "Lugar de ladrão é na prisão" e outros com as cores das bandeiras ucranianas.
O Presidente do Brasil continuou o seu discurso durante mais alguns minutos, mas mal houve uma pausa, as bancadas à esquerda e do PSD aplaudiram entusiasticamente, enquanto os deputados do Chega batiam na mesa, em jeito de pateada, o que levou Augusto Santos Silva a intervir.
"Os deputados que querem permanecer na sala têm de se comportar com urbanidade, cortesia e a educação exigida a qualquer representante do povo português. Chega de insultos, chega de degradarem as instituições, chega de porem vergonha no nome de Portugal", afirmou Santos Silva, visivelmente irritado.
Na sala, ouviram-se gritos '25 de Abril sempre, fascismo nunca mais', e o presidente do parlamento recebeu palmas de pé da maioria dos deputados do hemiciclo, do ex-presidente do parlamento Ferro Rodrigues e de alguns convidados como o ex-candidato presidencial Sampaio da Nóvoa, o presidente do PS, Carlos César, e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.
"Chega de porem vergonha no nome de Portugal!".
— Ivan Gonçalves (@ivancgoncalves) April 25, 2023
No dia em que se celebra a Democracia em Portugal, o Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, exprimiu o sentimento da maioria dos portugueses face à extrema-direita. pic.twitter.com/BF8mUMGmEp
Em seguida, Lula da Silva prosseguiu a sua intervenção, mantendo-se os deputados do Chega de pé e com os cartazes levantados, respondendo aos aplausos com pateadas.
No final, Santos Silva pediu desculpa a Lula da Silva em nome do parlamento português e agradeceu-lhe a "coragem e educação", momento que foi aplaudido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Quando Lula deixou a Sala das Sessões, cumprimentou um por um os membros da bancada do Governo, enquanto o Chega voltou a levantar os cartazes que tinha brevemente baixado durante os hinos dos dois países.
Já sem os presidentes do Brasil e de Portugal no hemiciclo, alguém começou a entoar a canção-símbolo do 25 de Abril, "Grândola, Vila Morena", que acabou a ser cantada em coro por deputados das bancadas à esquerda, alguns membros do Governo e convidados nas galerias, entre os quais o presidente da Associação 25 de Abril Vasco Lourenço.
Alvo de investigação na operação Lava Jato, Lula da Silva foi preso em abril de 2018, condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso de um apartamento no litoral do estado de São Paulo.
Esteve 580 dias preso, até novembro de 2019, e ficou impedido de disputar a eleição presidencial de 2018 contra Jair Bolsonaro.
Em 2021, o ex-Presidente teve as suas condenações na Lava Jato anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O STF considerou que Lula não teve os seus direitos respeitados ao longo dos processos conduzidos pelo então juiz Sergio Moro, que no Governo de Bolsonaro assumiu o cargo de ministro da Justiça.
Nas últimas eleições presidenciais brasileiras, o Chega apoiou o anterior Presidente e, recentemente, anunciou que Jair Bolsonaro vai estar em Portugal para um evento que o partido vai organizar em maio em Lisboa.
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