Santos Silva diz que "chega de insultos" durante protesto do Chega

O presidente da Assembleia da República avisou hoje que "chega de insultos e de porem vergonha no nome de Portugal", depois dos deputados do partido liderado por André Ventura terem levantado cartazes durante o discurso do chefe de Estado brasileiro

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Lusa
25/04/2023 11:13 ‧ 25/04/2023 por Lusa

Política

Protesto

Mal o Presidente do Brasil, Lula da Silva, iniciou a sua intervenção na sessão solene de boas vindas, os deputados do Chega levantaram-se e empunharam três tipos de cartazes, onde se liam "Chega de corrupção", "Lugar de ladrão é na prisão" e outros com as cores das bandeiras ucranianas.

O Presidente do Brasil continuou o seu discurso durante mais alguns minutos, mas mal houve uma pausa, as bancadas à esquerda e do PSD aplaudiram entusiasticamente, enquanto os deputados do Chega batiam na mesa, em jeito de pateada, o que levou Augusto Santos Silva a intervir.

"Os deputados que querem permanecer na sala têm de se comportar com urbanidade, cortesia e a educação exigida a qualquer representante do povo português. Chega de insultos, chega de degradarem as instituições, chega de porem vergonha no nome de Portugal", afirmou Santos Silva, visivelmente irritado.

Na sala, ouviram-se gritos '25 de Abril sempre, fascismo nunca mais', e o presidente do parlamento recebeu palmas de pé da maioria dos deputados do hemiciclo, do ex-presidente do parlamento Ferro Rodrigues e de alguns convidados como o ex-candidato presidencial Sampaio da Nóvoa, o presidente do PS, Carlos César, e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.

Em seguida, Lula da Silva prosseguiu a sua intervenção, mantendo-se os deputados do Chega de pé e com os cartazes levantados, respondendo aos aplausos com pateadas.

No final, Santos Silva pediu desculpa a Lula da Silva em nome do parlamento português e agradeceu-lhe a "coragem e educação", momento que foi aplaudido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Quando Lula deixou a Sala das Sessões, cumprimentou um por um os membros da bancada do Governo, enquanto o Chega voltou a levantar os cartazes que tinha brevemente baixado durante os hinos dos dois países.

Já sem os presidentes do Brasil e de Portugal no hemiciclo, alguém começou a entoar a canção-símbolo do 25 de Abril, "Grândola, Vila Morena", que acabou a ser cantada em coro por deputados das bancadas à esquerda, alguns membros do Governo e convidados nas galerias, entre os quais o presidente da Associação 25 de Abril Vasco Lourenço.

Alvo de investigação na operação Lava Jato, Lula da Silva foi preso em abril de 2018, condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso de um apartamento no litoral do estado de São Paulo.

Esteve 580 dias preso, até novembro de 2019, e ficou impedido de disputar a eleição presidencial de 2018 contra Jair Bolsonaro.

Em 2021, o ex-Presidente teve as suas condenações na Lava Jato anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O STF considerou que Lula não teve os seus direitos respeitados ao longo dos processos conduzidos pelo então juiz Sergio Moro, que no Governo de Bolsonaro assumiu o cargo de ministro da Justiça.

Nas últimas eleições presidenciais brasileiras, o Chega apoiou o anterior Presidente e, recentemente, anunciou que Jair Bolsonaro vai estar em Portugal para um evento que o partido vai organizar em maio em Lisboa.

Leia Também: Manifestação do Chega junto ao Parlamento exige: "Lula na prisão"

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