A medida abrange o Bianet e 135 outros sites, contas nas redes sociais e vídeos partilhados no YouTube e Dailymotion, refere a agência noticiosa AFP.

A conta Twitter de Oya Ersoy, deputada do partido de esquerda e pró-curdo HDP, também foi visada.

O tribunal de Ancara indica que esta decisão se destina a "proteger (...) a segurança nacional e a ordem pública", sem, no entanto, explicar quais os motivos apontados aos sites e contas encerradas.

Esta decisão, aprovada em julho, mas apenas publicada hoje, foi adotada a pedido da polícia nacional, dependente do ministério do Interior.

Fundado em 1997 e com sede em Istambul, o Bianet era conhecido na Turquia pelos seus artigos sobre direitos humanos, violência sobre mulheres ou o seu acompanhamento exaustivo de processos relacionados com a liberdade de expressão. É publicado em turco, curdo e inglês.

"A decisão nem sequer foi transmitida à Bianet, tivemos conhecimento por acaso", declarou à AFP a advogada do 'site', Meriç Eyuboglu.

"Confirmámos que a decisão respeita ao conjunto do site. O encerramento do site pode ocorrer em qualquer momento", acrescentou, denunciando um "ataque contra a liberdade de imprensa".

Segundo a Bianet, mais de 200.000 artigos publicados ao longo de mais de 20 anos vão ficar inacessíveis.

Classificando a medida como "escandalosa", o representante na Turquia dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Erol Onderoglu, exortou as "autoridades e anularem esta decisão totalmente arbitrária".

As ONG têm denunciado a erosão da liberdade de imprensa na Turquia sob a presidência de Recep Tayyip Erdogan, em particular após uma tentativa de golpe de Estado em 2016, seguida do encerramento de diversos media e de purgas (detenções, demissões, suspensões) em variados setores da sociedade.

Artigos ou sites são regularmente bloqueados pela justiça. A enciclopédia em linha Wikipédia está inacessível na Turquia desde 2017.

A Turquia ocupa o 157.º lugar, em 180, na classificação de liberdade de impressa estabelecida pelos RSF.