João Guerreiro é um dos oradores da primeira edição da conferência "48 horas de Business Analytics", organizada pelos estudantes do ISCTE Business School, que arranca hoje e termina na sexta-feira, e um dos autores do estudo sobre a evolução da IA nos negócios (a par de Sandra Loureiro, do ISCTE, e de Iis Tussyadiah, da Universidade de Surrey), publicado no Journal of Business Research, em novembro.
"A principal vantagem da inteligência artificial é a rapidez de eficiência na tomada de decisão na escolha dos currículos que mais se adequam ao perfil" do recrutamento", disse, adiantando que a IA tem a capacidade de aprender sobre as características que cada candidato coloca na sua candidatura a uma determinada posição e tendo em conta o histórico das contratações passadas de uma dada empresa.
"Obviamente isto tem uma série de riscos, de questões que têm de ser reguladas por parte das empresas e das instituições que regulam esta matéria", considerou, apontando que um deles tem a ver com a "parte mais emotiva que nunca pode estar de fora de uma análise deste género", em termos de recrutamento.
"Na minha opinião, a inteligência artificial ajuda a fazer uma pré-seleção, mas nunca pode substituir completamente a relação que tem de existir entre o recrutador e o recrutado", afirmou.
Por exemplo, perante a multiplicidade de currículos recebidos numa empresa, a IA o que faz é distribuí-los tendo em conta as várias áreas de recrutamento na empresa.
Questionado sobre quanto a IA acelera o processo de recrutamento, João Guerreiro citou um estudo, que consta do trabalho de investigação, onde é referido um caso da L'Oreal em que o "tempo gasto no recrutamento passou de 40 horas para quatro horas nesta seleção".
Ou seja, acelerou, neste caso citado, o processo de recrutamento em 90%.
A IA "já cá está, todos os dias vivemos com resultados que a inteligência artificial produz para ajudar a tomar melhores decisões", apontou.
Por exemplo, os algoritmos da inteligência artificial têm "o benefício, por um lado, de nos ajudar a filtrar aquilo que nos é relevante, mas têm o risco de afunilar", ou seja, "de não podermos ver além daquilo que é o nosso comportamento passado".
Na sua intervenção na conferência, que decorre na sexta-feira, João Guerreiro irá falar sobre os vários tipos de IA que já existem e que irão evoluir, desde a "parte da mecânica da inteligência artificial aplicada aos robôs, logística e que já está a ser utilizada com grande eficiência", até à área "mais ligada aos algoritmos", como no caso do Spotify ou Amazon, entre outros, e à interação com o consumidor, através dos 'chatbots' e 'smart devices' [dispositivos inteligentes], ou seja, sistemas de IA que vão interagir com as pessoas diariamente.
A inteligência artificial "vai ajudar as pessoas ao retirá-las das tarefas mais complicadas", permitindo dialogar com sistemas de IA para fazer compras, gerir o calendário, fazer uma marcação, só para dar alguns exemplos.
João Guerreiro também irá abordar a realidade virtual aumentada.
Questionado sobre as áreas que vão beneficiar a curto/médio prazo da IA, o investigador apontou a logística, "onde vai haver uma utilização mais imediata destas tecnologias para acelerar processos", tal como os setores da banca, seguros e telecomunicações, que "já utilizam alguma inteligência artificial".
Estas tecnologias também terão impacto no desenvolvimento das cidades inteligentes.
Durante os dois da conferência o impacto dos dados na saúde, na deteção de fraude ou no turismo serão outros dos temas debatidos.
Leia Também: Robô com autonomia para 8 horas de navegação testado em mina de urânio