Embora a China admita que chegou tarde à corrida das estações espaciais, o país assegura que as suas instalações são de ponta e podem durar mais que a Estação Espacial Internacional, que está a chegar ao fim do seu período útil.
O lançamento na quinta-feira também relança o programa espacial tripulado da China após um hiato de cinco anos.
Com o lançamento de hoje, a China aumenta para 14 o número de astronautas que lançou para o espaço, desde que alcançou o feito pela primeira vez, em 2003, tornando-se o terceiro país a fazê-lo, depois da antiga União Soviética e dos Estados Unidos.
À medida que a economia chinesa começou a ganhar força, no início dos anos 1990, a China formulou um plano para a exploração espacial, que executou numa cadência constante e cautelosa.
Embora o país tenha sido impedido de participar na Estação Espacial Internacional, principalmente devido às objeções dos EUA, que apontam a natureza opaca do programa chinês e as suas estreitas ligações às Forças Armadas, a China avançou com a construção da sua própria estação, visando alcançar o estatuto de potência espacial.
Na quarta-feira, o diretor-assistente da Agência Espacial Tripulada da China, Ji Qiming, disse aos jornalistas, no centro de lançamento de Jiuquan, que a construção e operação da estação espacial elevarão as tecnologias da China e "acumularão experiências úteis para todas as pessoas".
O programa espacial é parte de um esforço geral para colocar a China no caminho para missões ainda mais ambiciosas e fornecer oportunidades de cooperação com a Rússia e outros países, principalmente europeus, juntamente com o Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Sideral.
O programa espacial da China tem sido grande fonte de orgulho nacional, ilustrando a ascensão desde a pobreza à segunda maior economia do mundo, nas últimas quatro décadas.
Isto reforçou a legitimidade do Partido Comunista Chinês, cujo governo autoritário e limites à atividade política foram tolerados pela maioria dos chineses enquanto a economia crescia.
O Presidente chinês e secretário-geral do Partido, Xi Jinping, associou-se a este sucesso. Nos seus comentários, Ji citou o líder chinês como o arquiteto da ascensão da China à proeminência no espaço.
A ida dos tripulantes para a estação espacial também coincide com a comemoração do centenário do Partido Comunista, no próximo mês, um marco político importante.
A China está a modernizar as suas forças armadas, suscitando preocupações entre os vizinhos, os EUA e os aliados da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Enquanto a China defende o desenvolvimento pacífico do espaço com base na igualdade e respeito mútuo, muitos lembram que o país, em janeiro de 2007, enviou um míssil balístico para o espaço para destruir um satélite meteorológico inativo, criando um campo de destroços que continua a ser uma ameaça.
O comandante da missão Nie Haisheng, 56 anos, e os astronautas Liu Boming, 54 anos, e Tang Hongbo, 45, são ex-pilotos da Força Aérea do Exército de Libertação Popular, com sólida formação científica.
Todos os astronautas chineses foram recrutados, até à data, entre as Forças Armadas, o que ressalta a sua estreita ligação com o programa espacial.
Para Nie esta é a terceira viagem ao espaço, e para Liu a segunda, após uma missão realizada em 2008 que incluiu a primeira caminhada espacial da China. Tang está a voar para o espaço pela primeira vez.
As futuras missões à estação incluirão mulheres, de acordo com as autoridades, com estadias estendidas por até seis meses e até seis astronautas na estação por vez durante as trocas de tripulação.
Com a China a intensificar a cooperação e os intercâmbios internacionais, é apenas uma questão de tempo até que os astronautas estrangeiros se juntem aos colegas chineses em missões à estação, disse Ji aos jornalistas.
O programa espacial chinês inclui ainda a exploração do sistema solar com naves espaciais robóticas.
No mês passado, o país pousou uma sonda em Marte, que transportou um 'rover', que está a realizar uma série de tarefas, procurando principalmente por água congelada que poderia fornecer sinais de vida antiga no planeta vermelho.
A China pousou antes uma sonda e um 'rover' no lado oculto da Lua. A China também trouxe de volta as primeiras amostras lunares do programa espacial de qualquer país desde os anos 1970 e as autoridades dizem que querem enviar astronautas chineses à Lua e, eventualmente, construir ali uma base para pesquisas.
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