Em causa estão os dados transmitidos pelos Estados-membros da União Europeia (UE) sobre pessoas suspeitas de atividade criminosa, revelou na segunda-feira, em comunicado, a Autoridade Europeia para a Proteção de Dados (EDPS, na sigla inglesa).
A agência policial tem agora um prazo de seis meses, após receção dos dados, para comprovar a ligação do suspeito à atividade criminosa, caso contrário não poderá manter essa informação.
"Seis meses para a pré-análise e filtragem de grandes conjuntos de dados devem permitir que a Europol responda às solicitações operacionais dos Estados-membros da UE solicitando apoio técnico e analítico, minimizando os riscos para os direitos e liberdades dos indivíduos", sustentou o responsável da EDPS, Wojciech Wiewiorowski.
A autoridade europeia para a proteção de dados acusou a Europol, na sequência de uma investigação aberta em 2019, de ter infrigido os próprios regulamentos, ao manter ao dados "por mais tempo que o necessário".
A EDPS acrescentou que notificou a Europol, em 03 de janeiro, com uma "ordem de exclusão de dados relativos a indivíduos não relacionados com atividades criminosas".
Este é mais um passo após o alerta enviado em setembro de 2020, para a necessidade de terminar com aquele armazenamento de dados, considerado ilegal.
A Europol salientou que a decisão desta agência europeia pode dificultar as suas atividades.
"Isto terá um impacto na nossa capacidade de analisar grandes e complexos conjuntos de dados a pedido da polícia", referiu, em comunicado, esta agência.
A decisão da EDPS afeta, em particular, dados detidos pelos Estados-membros e fornecidos à Europol para investigações relativas a "terrorismo, cibercrime, tráfico internacional de droga, crime infantil, entre outros", em que a intervenção da Europol "abrange frequentemente períodos superiores a seis meses", argumentou ainda.
A Europol tem agora doze meses para apagar dados que não estão em conformidade e que ainda não foram apagados até 03 de janeiro.
A Comissão Europeia manifestou-se a favor do prazo estabelecido pela EDPS, considerado que a Europol terá "tempo suficiente" para cumprir a decisão.
E instruiu o Parlamento Europeu e o Conselho da UE a "fornecer uma solução adequada e clareza jurídica sobre o processamento de 'big data' [grandes quantidades de dados] pela Europol", segundo o comunicado de imprensa divulgado.
A agência da polícia europeia Europol, com sede em Haia, nos Países Baixos, presta assistência e apoio aos 27 países da União Europeia na luta contra o crime organizado, como tráfico de armas ou drogas, e redes terroristas.
Esta organização conta com mil funcionários e 220 agentes em todo o mundo, sendo que presta apoio, segundo os dados no seu 'site', a mais de 40 mil investigações por ano.
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