O diretor da Roscosmos, Dmitry Rogozin, disse que a expedição científica a Marte será feita "por conta própria", acusando "os amigos europeus" de subserviência aos Estados Unidos.
A Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou hoje a suspensão do envio do robô Rosalind Franklin para Marte devido à impossibilidade de manter a cooperação com a Roscosmos, que trabalhava na missão, por causa da guerra na Ucrânia.
Segundo o diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher, a agência espacial norte-americana (NASA) manifestou interesse em apoiar a missão.
O robô, que tem o nome da química britânica (1920-1958) responsável pela maior parte do trabalho de investigação que conduziu à descoberta da estrutura do ADN, era para ser lançado, após sucessivos atrasos, em setembro e faz parte da missão ExoMars.
Em conferência de imprensa, Josef Aschbacher referiu que 2026 é a data "mais realista" para fazer o lançamento, mas, mesmo assim, "será um desafio".
"Haverá novas decisões e financiamentos necessários, e tudo isto tem de ser discutido", afirmou.
Os Estados-membros da ESA, da qual Portugal faz parte, autorizaram, em sede do Conselho da agência, que se realizou na quarta e hoje, que fosse encetado um estudo "para definir melhor as opções disponíveis" para prosseguir com a ExoMars.
"O trabalho de milhares de especialistas é apagado por um papel assinado por um burocrata europeu qualquer. É uma pena", criticou o diretor da Roscosmos, Dmitry Rogozin.
A Roscosmos acusou hoje a ESA de colocar a sua posição anti-russa à frente dos objetivos comuns da humanidade de estudar o Universo e procurar provas biológicas ou geológicas de vida em Marte.
A ESA reiterou que "está totalmente alinhada com as sanções impostas à Rússia pelos seus Estados-membros", apesar de reconhecer o seu impacto na "exploração científica do espaço".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos, incluindo mais de uma centena de crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,1 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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