O Universo Cinematográfico Marvel tem sido ‘palco’ para o aparecimento dos mais variados super-heróis da empresa de banda desenhada e, entre personagens mais e menos conhecidas, já tivemos direito a filmes que elevaram as expetativas dos fãs em relação ao que é possível fazer no género.

O final da saga do super-vilão Thanos serviu para a Marvel começar a apostar em novos formatos para os seus super-heróis. Mesmo tendo lançado filmes nas salas de cinema, a Marvel também começou a desenvolver séries para o serviço de streaming Disney+ e (até agora) os fãs puderam rever velhos conhecidos como Wanda, Vision, Loki e Hawkeye.

Sempre ambiciosa, a Marvel tem agora o objetivo de introduzir uma nova personagem com a sua própria série no Disney+. ‘Moon Knight’ é lançado esta quarta-feira, dia 30, e conta com Oscar Isaac, Ethan Hawke, May Calamawy, Gaspard Ulliel e F. Murray Abraham nos papéis principais.

Foi a propósito do lançamento de ‘Moon Knight’ que a Disney convidou o Notícias ao Minuto para estar presente em Madrid, Espanha, numa sessão muito especial onde foi possível assistir aos dois primeiros episódios desta série. 

Sem dar qualquer ‘spoiler’ da série, ‘Moon Knight’ tem indubitavelmente um estilo diferente daquele que tem sido evidente nos filmes e séries da Marvel. Ao contrário de outras personagens, que conseguem manter a sua personalidade mesmo quando estão nos respetivos fatos de super-heróis, Stephen Grant (Oscar Isaac) tem realmente de mudar de personalidade para se tornar o Moon Knight.

Senti que havia uma oportunidade verdadeiramente colaborativa que não tinha tido até aqui

Grant sofre de transtorno dissociativo de identidade e é comum partilhar a mente com outras personalidades, com uma delas a servir precisamente para ‘encarnar’ o super-herói Moon Knight - com poderes atribuídos por Khonshu, o deus da Lua do antigo Egito.

‘Moon Knight’ tem tudo para ser um dos super-heróis mais intrigantes do Universo Cinematográfico Marvel e parece ter sido especialmente exigente para Oscar Isaac. O ator teve de interpretar diferentes personalidades em várias cenas e ainda tentar ‘fazer justiça’ ao transtorno da sua personagem, isto numa altura em que tanto se fala e importância se dá à saúde mental.

Para saber mais sobre esta personagem e como foi enfrentar o desafio de entrar no Universo Cinematográfico Marvel que o Notícias ao Minuto também teve a oportunidade de falar por alguns minutos com Oscar Isaac.

Pode ler abaixo a entrevista na íntegra.

© Disney / Marvel  

Como está a ser participar nesta digressão e apresentar este novo super-herói aos fãs da Marvel?

Estou muito entusiasmado por apresentar o Moon Knight a todo o mundo!

O Universo Cinematográfico Marvel começou há vários anos. Porquê juntar-se agora? Foi a personagem ou a nova era em que a história está a entrar?

Foi a personagem. A minha primeira entrada no projeto foi encontrar a personagem e apaixonei-me pelo Stephen Grant. Senti que havia espaço para criar, não apenas com a personagem, mas para influenciar a história, natureza da narrativa e a realização.

Senti que havia uma oportunidade verdadeiramente colaborativa que não tinha tido até aqui.

A série é um pouco diferente daquela que está na banda desenhada. Foi essa influência que referiu?

Exatamente. A banda desenhada foi criada em 1975 e mudou imenso, porque é uma personagem tão estranha e obscura. Parece que cada escritor [que trabalhou em ‘Moon Knight’] teve de encontrar o que achava interessante. Foi isso que estes argumentistas fizeram ao desconstruir a história e focaram-se nas coisas que acharam interessantes, ao mesmo tempo que transformaram os maiores estereótipos em coisas novas.

Foi isso que herdámos e a partir daqui - com o Mohammed [Diab], o Ethan [Hawke], o Grant Curtis e o Kevin Feige - continuámos a trabalhar, a mudar e a encontrar o que era interessante para mim para conseguir que funcionasse. Lembro-me do Ethan me dizer: ‘O que tens de ter a certeza é que, quando o despertador tocar às cinco da manhã todos os dias, estás entusiasmado para ir para o trabalho’.

Penso que esse sempre foi o lema: ‘O que é que me vai fazer ficar feliz por ir para o trabalho?’. Por isso continuámos a explorar cada vez mais o que podíamos fazer.

O que achei realmente interessante foi usar a mitologia para falar de saúde mental

‘Moon Knight’ também introduz um novo elemento do fantástico. O Universo Cinematográfico Marvel já tem seres extraterrestres e deuses nórdicos mas, com ‘Moon Knight’, também introduz divindades egípcias. Como é introduzir estes deuses no Universo Cinematográfico Marvel?

É excelente. Houve uma verdadeira oportunidade para explorar a mitologia do antigo Egito e os respetivos deuses. Tal como tens o Thor e os deuses ‘vikings’, vais ter os deuses egípcios.

O que achei realmente interessante foi usar a mitologia para falar de saúde mental. Porque a linguagem para falar coisas muito profundas já parece saída de sonhos - é altamente simbólica. Senti que foi muito orgânico usar este género - do super-herói, da mitologia, dos deuses, da vingança, da vergonha - para falar sobre coisas muito pessoais.

Falando sobre esse assunto, como foi investigar e representar uma personagem que sofre de transtorno dissociativo de identidade?

Há imensa informação disponível, agora que já não é tanto um tabu e está a ser levado a sério… Embora exista uma grande parte da comunidade médica que ainda diga que não exista e não o reconheça como algo real.

Também há imensa documentação para o legitimar: onde uma personalidade pode ter um tipo de sangue diferente, outra pode ter diabetes e outra não. Esse é o poder da mente humana, que cria estas personalidades alternativas para lidar com abuso durante longos períodos desde tenra idade.

Foi mesmo muito importante fazer este tipo de pesquisa. Perceber como é ter este tipo de transtorno.

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'Moon Knight' estreia hoje no Disney+ e terá direito a um total de seis episódios, os quais chegarão gradualmente ao serviço de streaming todas as quartas-feiras.

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