"Os últimos ataques [...] realizados contra vários Estados-membros da UE e parceiros alegadamente por grupos de 'hackers' pró-russos são mais um exemplo do elevado e tenso panorama da ameaça cibernética que a UE e os seus Estados-membros têm observado", afirma o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, numa nota informativa hoje divulgada.
"Condenamos veementemente este comportamento inaceitável no ciberespaço e expressamos a nossa solidariedade para com todos os países que foram vítimas e continuamos determinados a abordar e investigar as atividades cibernéticas maliciosas que afetam a paz, segurança e estabilidade internacionais, incluindo a segurança da UE e dos seus Estados-membros, das suas instituições democráticas, cidadãos, empresas e sociedade civil", acrescenta o representante.
A posição de Borrell surge numa altura em que o conflito armado na Ucrânia após a invasão russa está quase a cumprir cinco meses e quando países como Itália e Lituânia foram alvo de ataques cibernéticos vindos da Rússia.
"A agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia tem sido acompanhada por um aumento significativo de atividades cibernéticas maliciosas, incluindo um número impressionante e preocupante de 'hackers' e grupos de 'hackers' que visam indiscriminadamente entidades essenciais a nível mundial", salienta Josep Borrell, avisando que esta situação "cria riscos inaceitáveis de efeitos colaterais, interpretações erradas e possível escalada".
O chefe da diplomacia europeia recorda "a necessidade de todos os Estados-membros da ONU aderirem ao quadro das Nações Unidas de comportamento responsável do Estado no ciberespaço, a fim de garantir a paz, segurança e estabilidade internacionais", apelando a que os países "cumpram as suas obrigações de diligência e instamo-los a tomar as medidas adequadas contra as atividades cibernéticas maliciosas conduzidas a partir do seu território".
"Além disso, exortamos todos os atores relevantes a sensibilizar para as ameaças cibernéticas e a tomar medidas preventivas para proteger as infraestruturas críticas", aponta ainda Josep Borrell.
E garante que a UE "acompanha de perto a situação com vista a tomar novas medidas, sempre que necessário, para prevenir e combater esses comportamentos maliciosos no ciberespaço".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de cinco mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,7 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Também segundo as Nações Unidas, 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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