Foi no final de 2016 que a Sony lançou oficialmente o PlayStation VR, os primeiros óculos de realidade virtual da marca que deram aos jogadores da PlayStation 4 acesso a títulos com um grau de imersão inédito entre o catálogo da marca.

Com algumas virtudes e outros defeitos, o PlayStation VR deu à Sony o que a empresa precisava para seguir em frente com uma nova iteração na PlayStation 5 - o PlayStation VR2, que chega esta quarta-feira, dia 22, às lojas. Mais do que responder (com sucesso) às principais críticas feitas ao modelo original, o PlayStation VR2 procura elevar a experiência numa nova (e mais poderosa) geração de consolas.

Qual foi então o resultado? A PlayStation Portugal enviou para o Notícias ao Minuto uma unidade do PlayStation VR2 antes do lançamento, a qual tivemos a oportunidade de experimentar com a ajuda de alguns dos títulos que estarão disponíveis neste período inicial de lançamento.

Começando pelas especificações, o PlayStation VR2 está equipado com um painel OLED HDR com resolução 4K - 2.000 x 2.040 por cada olho - e uma taxa de atualização entre os 90Hz e os 120Hz. O PlayStation VR2 permite ao jogador desfrutar de um campo de visão de aproximadamente 110º, com o utilizador a poder ajustar o nível de separação entre as duas lentes.

Os óculos propriamente ditos estão equipados com um sistema de vibração, o qual permite ao jogador desfrutar de um grau ainda maior de imersão na experiência que tem (literalmente) diante de si. Ao mesmo tempo, os dois comandos Sense que são vendidos em conjunto com o PlayStation VR2  permitem ao jogador realmente ‘mergulhar’ numa experiência que se quer o mais realista possível.

Estes comandos são realmente uma das novidades do PlayStation VR2. Os botões do Dualsense estão todos incluídos, separados entre os dois Sense de uma forma que procura ser tão intuitiva quanto possível. Naturalmente, os jogadores terão de passar por um período de habituação para conseguir atingir o mesmo nível de familiaridade a que estão habituados.

Outras novidades importantes a ter em conta é a capacidade de ‘eye tracking’ do PlayStation VR2 - isto é, a capacidade de seguir o movimento dos olhos e saber para onde o utilizador está a olhar. Naturalmente, esta capacidade poderá traduzir-se em funcionalidades de grande interesse nos jogos desenvolvidos para o PlayStation VR2, proporcionando uma experiência ainda mais imersiva.

© Notícias ao Minuto  

Outro pormenor interessante é o facto de o exterior dos óculos estar equipado com câmaras, as quais são ativadas em algumas situações específicas - não só para ajudar o jogador a situar-se e a saber onde estão os comandos no início, como também para fazer um ‘scan’ do ambiente em redor, estabelecendo uma zona segura para jogar (seja sentado ou em pé). Desta forma, quando o jogador sair desta zona segura o PlayStation VR2 é capaz de avisar a tempo.

Serve também notar que o PlayStation VR2 está equipado com phones com fios, pelo que não terá de adquirir um par novo para começar a desfrutar de áudio diretamente através dos óculos. Quem o desejar, no entanto, poderá usar outros phones com entrada de áudio tradicional.

Neste ponto é importante dizer que, mesmo as pessoas que nunca interagiram com óculos de realidade virtual, conseguirão começar a experimentar o PlayStation VR2 com facilidade. Isto porque todo o processo de ligar o equipamento à PlayStation 5 é extremamente intuitivo, com a interface guiando o utilizador passo a passo para começar a jogar o mais rapidamente possível.

Esta é, na verdade, uma das maiores vantagens do PlayStation VR2 face a outros dispositivos semelhantes no mercado. A forma linear e simples como pode ser ligado à PlayStation 5, sem necessidade de mais configurações, será certamente apreciada por quem decida apostar nesta nova geração.

© Guerrilla Games  

Os jogos

O que a história da indústria dos videojogos nos ensina é que, por muito poderosa que seja uma consola, não irá vingar se não tiver jogos que justifiquem esse investimento. Ainda que seja um periférico para a PlayStation 5, este é um princípio que também se aplica ao PlayStation VR2 e que ditará o sucesso a longo-prazo dos óculos de realidade virtual da Sony.

Posto isto, durante este período de experimentação do PlayStation VR2 tivemos a oportunidade de testar alguns jogos e perceber se algum deles encerra a promessa de levar os interessados a entrar na realidade virtual.

O destaque vai claramente para ‘Horizon: Call of the Mountain’, um jogo original criado especificamente para ser desfrutado em realidade virtual e que se passa no mesmo universo dos jogos criados pela Guerrilla Games.

Colocando de parte as personagens e história de ‘Horizon: Call of the Mountain’, o jogo serve de ‘showcase’ para as verdadeiras capacidades do PlayStation VR2. Além da elevada qualidade do grafismo - que proporciona ao jogador ter uma real noção da escala dos robots presentes na série ‘Horizon’ - também é realmente divertido explorar o mundo pós-apocalíptico e selvagem da série.

© Enhance  

Enquanto se joga a ‘Horizon: Call of the Mountain’ é possível combater robots selvagens com setas (é sempre um bom momento acertar em cheio no olho de um Watcher) e escalar. Todas as mecânicas funcionam exatamente como seria de esperar, com os comandos Sense a proporcionarem um grau de imersão que certamente a maioria dos jogadores não desfrutou até aqui.

Atenção, no entanto, a quem sofra de vertigens - uma vez que há certos cenários que podem causar alguma impressão. Jogar sentado certamente ajudará a aguentar esta tensão.

Há também uma grande diversidade de jogos mais simples, mas não menos agradáveis. É o caso de ‘Kayak VR: Mirage’ que, tal como o nome indica, permite ao jogar andar de caiaque. Quem já tenha praticado este desporto estará certamente em casa, ficando muito mais liberto para apreciar as magníficas vistas.

Caso se canse de relaxar enquanto rema no seu caiaque ou se for mais competitivo, pode ainda participar em corridas e testar as suas capacidades contra outros jogadores pelo modo online. 

Todavia, temos de dizer que os destaques da nossa experiência vão para ‘Rez Infinite’ e ‘Tetris Effect: Connected’ da produtora Enhance. Não por se tratarem de novas experiências - ambos já foram lançados há vários anos e também estão disponíveis para a versão original do PlayStation VR - mas por mostrarem o que a realidade virtual (e a criatividade) conseguem fazer mesmo com jogos mais antigos.

‘Rez Infinite’, um jogo do género ‘rail shooter’ lançado originalmente em 2001, ganha uma nova vida em realidade virtual. O facto de a música ser uma parte tão importante do jogo ajuda a elevar a experiência, com os ambientes psicadélicos a proporcionarem algo como nunca experimentou em realidade virtual (ou fora dela).

O mesmo pode ser dito sobre ‘Tetris Effect: Connected’. Sim, trata-se de (mais) uma versão alternativa do clássico ‘Tetris’ que, com o tratamento dado pela Enhance, se transforma em mais do que um jogo - numa verdadeira experiência. Os efeitos sonoros resultantes da manipulação de peças ou de completar linhas realmente complementam a música de fundo, com os efeitos visuais a ajudarem a enaltecer a intuição do jogador. Uma coisa é certa, depois de experimentar jogar ‘Tetris’ desta forma, é improvável que volte a equacionar qualquer outra versão.

© Enhance  

A conclusão

Tudo somado, o que fica depois da experiência com o PlayStation VR2? Para lá de qualquer dúvida, trata-se de uma peça impressionante de tecnologia e que denota uma maior confiança da Sony neste espaço. O preço de 599,99 euros não é certamente para todas as carteiras mas, tendo em conta toda a tecnologia que foi incluída pela Sony, é mais fácil de perceber o motivo de ter um valor tão elevado.

Os jogos disponíveis atualmente (alguns novos, outros que já estavam no mercado) oferecem bastante para experimentar mas, como acontece em todas as consolas, só o tempo o dirá se a Sony consegue justificar a aposta dos jogadores de PlayStation 5.

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