UNESCO pede leis mais rígidas para combater 'fake news' nas redes sociais
A responsável da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) defendeu quarta-feira um diálogo global que encontre formas de regular as redes sociais e limitar o seu papel na disseminação de desinformação no mundo.
© Reuters
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Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, participou na conferência que junta deputados, jornalistas e representantes de sociedades civis de todo o mundo para discutir formas de regulamentar plataformas de redes sociais como o Twitter e outras, para ajudar a tornar a Internet um espaço mais seguro e baseado em factos.
A conferência de dois dias, que decorre em Paris, tem como objetivo formular diretrizes que ajudem reguladores, governos e empresas a gerir conteúdos que prejudiquem a democracia e os direitos humanos, ao mesmo tempo em que apoiam a liberdade de expressão e promovem o acesso a informações precisas e credíveis.
O diálogo global deve fornecer as ferramentas legais e os princípios de prestação de contas e responsabilidade para que as empresas que detêm redes sociais contribuam para o "bem público", frisou Azoulay em entrevista à agência Associated Press (AP), à margem do evento.
Para a responsável da UNESCO, esta medidas "limitariam os riscos" atuais, como "a desinformação e teorias da conspiração que se espalham mais rápido que a verdade".
A União Europeia (UE) aprovou no ano passado uma legislação histórica que obrigará grandes empresas de tecnologia como a Google e Meta, a empresa-mãe do Facebook, a supervisionar as suas plataformas com mais rigor, para proteger os utilizadores europeus de discursos de ódio, desinformação ou conteúdo nocivo.
A Lei de Serviços Digitais é uma das três importantes leis da UE voltadas para a indústria de tecnologia.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça e a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) avançaram com grandes ações de combate às 'fake news' contra a Google e o Facebook, embora o Congresso norte-americano permaneça politicamente dividido nos esforços para lidar com a desinformação 'online', concorrência ou privacidade, entre outros assuntos.
A jornalista filipina e vencedora do Prémio Nobel da Paz, Maria Ressa, sublinhou na sua participação na conferência de Paris que a adoção de leis que impeçam as empresas de redes sociais de "proliferar desinformação nas suas plataformas" está muito atrasada.
Ressa é uma crítica de longa data das plataformas de redes sociais que, segundo a jornalista, colocaram "a democracia em risco" e desviaram as sociedades da solução de problemas como as alterações climáticas ou o aumento do autoritarismo em todo o mundo.
Ao "manipular insidiosamente as pessoas na escala que está a acontecer agora, (...) [eles] mudaram os nossos valores e isso transformou-se num fracasso em cascata", acrescentou Maria Ressa, em declarações à AP.
"Apenas uma lembrança, a democracia não é apenas falar. É sobre ouvir. Trata-se de encontrar compromissos que são impossíveis no mundo da tecnologia atualmente", frisou ainda.
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