Isabelle Sonnenfeld, que é 'head' do Google News Lab EMEA [Europa, Médio Oriente e África], falava à Lusa em vésperas do Dia Internacional de Verificação de Factos (Fact Checking Day), que se assinala em 02 de abril.
"Estamos constantemente à procura de novas parcerias com as principais organizações de verificação de factos em todo o mundo e a incorporar as melhores práticas nos nossos produtos" e "levamos muito a sério o nosso compromisso de combater a desinformação em todo o mundo", afirma a responsável, quando questionada sobre o papel da Google neste âmbito.
"A nossa equipa do Google News Initiative apoia jornalistas e organizações de verificação de factos que trabalham para combater a desinformação a nível global" e desde 2018 já investiu "quase 75 milhões de dólares" (69,2 milhões de euros) "em projetos e parcerias para fortalecer a literacia mediática e combater a desinformação em todo o mundo", elenca Isabelle Sonnenfeld.
Como parte desta aposta, "oferecemos parcerias e formação em 70 países para trazer a tecnologia da Google a jornalistas e líderes das redações", prossegue a responsável, referindo que já foram formados "mais de 555.000 jornalistas e estudantes de jornalismo" e realizados 'workshops' sobre "verificação digital a mais de 250.000 jornalistas", prossegue a responsável do Google News Lab para a região da Europa, Médio Oriente e África.
No que respeita a Europa, "proporcionamos formação em verificação digital a mais de 90.000 jornalistas europeus e os nossos cursos 'online' gratuitos para ajudar os jornalistas a encontrar, verificar e a contar histórias foram visitadas mais de 400.000 vezes", diz.
"O nosso trabalho continua em parceria com muitos especialistas em todo o mundo para combater a desinformação e garantir que todos obtêm as respostas e as informações de que precisam com rapidez e precisão", sublinha.
Questionada sobre se a literacia mediática e a verificação de dados são suficientes para combater a desinformação ou deverá haver regulação para as redes sociais, Isabelle Sonnenfeld diz que "o combate à desinformação e os avanços na literacia mediática andam de mãos dadas".
Destaca que a Google apoia "os esforços de literacia digital através da Google.org", tendo já formado "mais de sete milhões de jovens europeus em competências digitais e literacia digital".
Em Portugal, a Google formou 2.500 jornalistas e estudantes de comunicação e investiu oito milhões de euros para apoiar 32 projetos de media portugueses.
"Planeamos continuar a apoiar a inovação nos media na Europa", assegura.
Além dos programas de literacia mediática e de formação de jornalistas, "também temos um histórico de investimento em funcionalidades de produtos que ajudam as pessoas no desenvolvimento de competências" de literacia de informação e mediática 'online'.
"Antes do Dia Internacional da Verificação de Factos, estamos a disponibilizar novas experiências na pesquisa Google para ajudar as pessoas em toda a Europa a compreender as informações 'online' nesses momentos importantes", salienta.
Uma ferramenta "que considero particularmente útil é a funcionalidade 'Acerca deste Resultado' na pesquisa Google que proporciona um contexto importante sobre um resultado antes de se visitar a página 'web', incluindo uma descrição do 'website', quando foi indexado pela primeira vez e o que outras pessoas dizem sobre o 'website' e o tema", exemplifica.
"Também destacamos artigos relevantes com verificação de factos de organizações independentes nos resultados da Pesquisa, de Notícias e Imagens do Google para garantir que os utilizadores obtêm o contexto completo quando pesquisam", adianta.
"Na minha função na Google, tenho a oportunidade de trabalhar diretamente com jornalistas e com especialistas em desinformação na Europa, Médio Oriente e África para chegarmos a novas ideias e encontrarmos soluções em conjunto" e "levamos muito a sério o nosso papel de ajudar a combater a desinformação e investimos continuamente em produtos, programas e parcerias para ajudar as pessoas a terem acesso a informações de alta qualidade. Este trabalho continua, evolui e adapta-se a este desafio multidimensional", salientou a responsável.
A Google tem trabalhado "com verificadores de factos e organizações especializadas para encontrarmos soluções para combater a desinformação", salienta, referindo que diariamente traz "à superfície" verificações de factos independentes seis milhões de vezes.
"Uma organização sozinha não consegue resolver a disseminação da desinformação e por isso a colaboração é fundamental para desenvolver soluções inovadoras tanto para combater a desinformação como promover a literacia mediática", defende.
Em 2022, a Google e o Youtube anunciaram um financiamento de 13,2 milhões de dólares (12,1 milhões de euros) à Rede Internacional de Verificação de Factos (IFCN) na instituição sem fins lucrativos Poynter "para o lançamento de um novo Fundo Global de Verificação de Factos para apoiar a sua rede de 135 organizações de verificação de factos em 65 países", abrangendo mas de 80 línguas.
"Baseado no nosso trabalho anterior para lidar com a desinformação, este é o maior subsídio da Google e do YouTube para a verificação de factos permitindo ajudar os verificadores de factos no dimensionamento das operações existentes ou no lançamento de novas que elevem as informações, reforcem as fontes confiáveis e reduzam os malefícios da desinformação em todo o mundo", salienta.
Na Europa, a Google disponibilizou um total de 25 milhões de euros para o primeiro Fundo Europeu para os Media e Informação.
"O nosso compromisso a cinco anos irá apoiar European University Institute, o Observatório Europeu dos Media Digitais e a Fundação Calouste Gulbenkian no financiamento de organizações que procuram enfrentar alguns dos desafios mais importantes como, por exemplo, ajudar adultos e jovens a melhorarem as suas competências de literacia mediática ou no apoio ao dimensionamento do trabalho crítico dos verificadores de factos", refere, sendo que, "até agora, foram financiados 40 projetos em toda a Europa".
Também no ano passado, "começamos uma parceria com o Lviv Media Fórum, e no início do ano com a Thomson Foundation para disponibilizar um programa de formação dividido em quatro partes para organizações de notícias ucranianas sobre como envolver o público da diáspora e combater a desinformação, entre outros tópicos". Estas conclusões foram publicadas num manual e "distribuídas gratuitamente pela rede da indústria de notícias ucraniana".
Na Alemanha, "expandimos a nossa parceria de verificação de factos de longa data Faktencheck23 com a agência de notícias alemã".
Desde 2021, "mais de 1.300 jornalistas de mais de 100 redações alemãs participaram na formação e juntaram-se a uma comunidade vibrante de verificação de factos", conclui.
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