Trata-se do primeiro voo do foguetão que permitirá à Europa recuperar o acesso autónomo ao espaço.
O lançamento, feito da base espacial europeia, em Kourou, na Guiana Francesa, foi transmitido em direto pelo canal de televisão da Agência Espacial Europeia (ESA), que tem competência para certificar voos de novos aparelhos.
"Estamos a fazer história, agora!", expressou, no final, o diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher.
O módulo superior do foguetão, que transportou pequenos satélites a colocar em órbita, incluindo o ISTSat-1, separou-se às 20:08, sob aplausos na sala de controlo da missão.
Poucos minutos depois, às 20:14, o teleporto de Santa Maria, nos Açores, operado pela Thales Edisoft Portugal, foi a primeira estação a fornecer dados sobre o funcionamento e trajetória do foguetão.
O ISTSat-1, construído por estudantes e professores do Instituto Superior Técnico (IST), foi "libertado" no espaço às 21:06 e ficará posicionado a 580 quilómetros da Terra, acima da Estação Espacial Internacional, a "casa" e laboratório dos astronautas.
Enviará os primeiros dados até cerca de um mês depois do início das operações.
O engenho, um "cubo" que custou cerca de 270 mil euros, vai servir para testar um novo descodificador de mensagens enviadas por aviões que permitirá a sua deteção em zonas remotas e aferir a viabilidade do uso de nanossatélites na receção de sinais sobre o estado de aeronaves, como velocidade e altitude, para efeitos de segurança aérea.
Trata-se do primeiro nanossatélite concebido por uma instituição universitária portuguesa e o terceiro satélite português a ser enviado para o espaço, depois do nanossatélite Aeros MH-1, em março, e do microssatélite PoSat-1, em 1993, que envolveram a participação de empresas.
O ISTSat-1 ficará em órbita entre cinco e 15 anos antes de reentrar na atmosfera, mas a sua missão terá uma duração menor.
Junto com o ISTSat-1 seguiram no módulo superior do Ariane 6 outros satélites e equipamentos científicos de instituições, empresas e agências espaciais estrangeiras.
É com a gama de foguetões Ariane 6 que a ESA pretende enviar em 2026 a sonda espacial Plato, que irá "fotografar" milhares de estrelas e procurar planetas semelhantes à Terra. A missão tem participação científica portuguesa, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
O Ariane 6, cujo voo inaugural ocorre com um atraso de quatro anos e teve um custo de 4,5 mil milhões de euros, sucede ao Ariane 5, que fez o seu último voo em julho de 2023.
Tal como o seu antecessor, o Ariane 6 foi construído pela empresa francesa Ariane, que irá operar os voos comerciais.
A ESA, da qual Portugal é Estado-Membro desde 2000, prevê um segundo lançamento, desta vez comercial, da nova tipologia de foguetões europeus até ao final do ano. Para os dois anos seguintes estão programados 14 voos.
[Notícia atualizada às 21h38]
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