Líder do Telegram quebra silêncio. "Fui interrogado durante quatro dias"

Pavel Durov partilhou uma mensagem no seu canal do Telegram sobre a detenção pelas autoridades francesas.

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Miguel Patinha Dias com Lusa
06/09/2024 09:33 ‧ 06/09/2024 por Miguel Patinha Dias com Lusa

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O CEO do Telegram, Pavel Durov, pronunciou-se pela primeira vez após a detenção pelas autoridades francesas no dia 24 de agosto e partilhou uma mensagem no respetivo canal na plataforma.

 

“No mês passado fui entrevistado pela polícia durante quatro dias depois de chegar a Paris. Foi-me dito que era pessoalmente responsável pela forma ilegal como outras pessoas usam o Telegram, porque as autoridades francesas não receberam respostas do Telegram”, escreveu Durov.

O líder da plataforma digital notou que as autoridades francesas poderiam ter entrado em contacto em caso de necessidade de assistência, notando que o Telegram conta com um representante legal na União Europeia. Mais ainda, Durov afirma que ajudou as autoridades francesas a lidar com a ameaça do territorismo em França por via de uma “linha de apoio” direta à empresa.

“Se um país estiver insatisfeito com um serviço na Internet, a prática estabelecida é iniciar uma ação legal contra o próprio serviço”, escreveu Durov. "Utilizar leis da era anterior aos telemóveis para acusar um CEO com crimes cometidos por terceiros na plataforma que gere é uma abordagem errada. Desenvolver tecnologia já é suficientemente difícil”.

Embora assegure que o Telegram não é "uma espécie de paraíso anárquico", Durov admite que o aumento do número de utilizadores do Telegram "causou dores de crescimento que tornaram mais fácil aos criminosos abusarem da plataforma".

"É por isso que assumi como objetivo pessoal garantir que melhoramos significativamente as coisas a esse nível. Já iniciámos esse processo internamente e compartilharei mais detalhes sobre o nosso progresso muito em breve", referiu.

A justiça francesa indiciou a 28 de agosto o fundador do Telegram por crimes relacionados com a plataforma de mensagens encriptadas, tendo-o libertado sob apertada vigilância judicial.

O controlo judicial implicou um depósito de cinco milhões de euros, a obrigação de comparecer duas vezes por semana numa esquadra e a proibição de sair do território francês, segundo a procuradora de Paris, Laure Beccuau.

O processo inclui 12 acusações relacionadas com a divulgação através do Telegram - plataforma que conta com quase mil milhões de utilizadores - de conteúdos relacionados com tráfico de droga, pornografia infantil e burlas.

A lista de crimes inclui cumplicidade na administração de uma plataforma 'online' para permitir transações ilícitas por parte de gangues organizados, recusa em cooperar com as autoridades através da partilha de documentos ou informações necessárias para evitar atos ilegais e cumplicidade em fraudes e tráfico de droga.

O bilionário de origem russa, de 39 anos, foi detido a 24 de agosto após aterrar num avião privado no aeroporto privado de Le Bourget, perto de Paris. Durov - que também tem nacionalidade francesa e dos Emirados Árabes Unidos (EAU) - reside no Dubai, onde a plataforma Telegram tem a sua sede.

O fundador do Telegram está também a ser investigado em França por "violência agravada" contra um dos seus filhos, segundo revelou à agência France-Presse (AFP) fonte ligada ao processo.

O crime terá sido cometido contra um filho nascido em 2017, enquanto frequentava a escola em Paris, acrescentou.

Depois de ter estado detido durante alguns dias pelas autoridades francesas, Durov foi libertado após o pagamento de uma fiança no valor de 5 milhões de euros.

[Notícia atualizada às 09:45]

Leia Também: Vídeo mostra líder do Telegram a sair da prisão depois de pagar fiança

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