"O projeto foi criado há menos de um ano, mas a ideia surgiu há mais de dois anos e tem a ver com neurociência", refere, o cofundador Nikita Krupskii, que é responsável pelo desenvolvimento do negócio e pelo marketing, em entrevista à Lusa.
Misha Klimovsky, cofundador e presidente executivo (CEO) acrescenta que a história da criação do projeto "é longa", mas "é uma missão" para todos os envolvidos.
"Porque todas as pessoas da nossa equipa têm crianças neurodiversas na família, fazemos muitos projetos entre artes, ciências e este é um dos principais projetos para nós", enfatiza.
O autismo, défice de atenção e a dislexia são alguns dos exemplos de neurodivergência e, segundo a Neonoo, "400 milhões de crianças em todo o mundo" enfrentam desafios de aprendizagem este âmbito.
"Apercebemo-nos que aprender não é apenas através do cérebro", pois o desenvolvimento é feito "com todo o corpo, explorando o mundo, com as mãos, os braços, a maneira como o corpo deve ser usado ajuda o cérebro a trabalhar melhor", explica Nikita Krupskiy.
Neste sentido, esta "tecnologia combina cubos inteligentes, dispositivos de 'hardware', para as crianças estarem envolvidas no jogo", com IA. Ou seja, quando a criança move o cubo, está a utilizar "o corpo inteiro e este é o conceito chave" porque "irá ajudar o seu desenvolvimento", diz.
"Todas a crianças têm um cérebro e um corpo único e o nosso sistema pode reconhecer o padrão quando as crianças movem os cubos" e assim "criar um modo mais flexível" de aprendizagem, acrescenta Misha Klimovsky.
Nikita Krupskiy sublinha que a IA é importante neste projeto porque permite "a personalização".
Por exemplo, numa criança "que tenha dificuldades de raciocínio, a forma como manuseia os cubos dá um sinal para o nosso modelo de 'machine learning' e cria experiências que correspondem às suas necessidades específicas para a desenvolver".
A Neonoo, que está sediada em Barcelona, Espanha, espera vender esta solução de cubos inteligentes "por cerca de 90 euros".
Neste momento, "ainda não estamos a vender, precisamos de 'hardware', precisamos de dinheiro para chegar à parte de produção, mas temos os cubos pré-produzidos e podemos partilhar com a comunidade", adianta.
"Estamos interessados em mercados na Europa", refere o CEO, destacando os países escandinavos, Países Baixos, Reino Unido e também Portugal e Espanha.
"Fomos aprovados cientificamente porque o nosso produto funciona", assevera Misha Klimovsky.
Por sua vez, Nikita Krupskii sublinha que a equipa acredita "firmemente que em Espanha, em Portugal e em muitos outros países existem muitas pessoas que podem beneficiar deste produto".
Além disso, "a nossa investigação mostra que países nórdicos, entre outros, compreendem não só o problema como abordam o assunto", reforça.
Na Web Summit procuram captar investimento. "Dinheiro é uma parte importante porque não temos apenas uma ideia, temos um produto que pode ajudar com estes cubos, estamos mais ou menos no início da caminhada", refere Nikita Krupskii.
A 'startup' precisa de investimento para desenvolver o projeto e permitir a entrega aos seus potenciais consumidores.
"Precisamos de dinheiro para o marketing, para investir em investigação e desenvolvimento e em 'hardware'", detalha, adiantando que o investimento até agora, com ajuda de familiares e amigos, ronda os 200 mil euros.
Quanto a reuniões com investidores, Nikita Krupskii refere que têm sido "constantes".
Aliás, "vamos apresentar o caso da nossa 'startup' na quinta-feira" na Web Summit, avança.
"Temos uma equipa distribuída por todo o mundo, o nosso CTO [Chief Technology Officer] está em Israel, três de nós estão em Espanha, uma pessoa muito importante - a responsável pela parte científica, 'chief science officer', está em Portugal, e uma pessoa que está responsável pela comunidade e toda a parte educacional está nos EUA", aponta.
O projeto pode ser consultado em https://neonoo.io/.
Questionada como é que a Neonoo vê o projeto dentro de um ano, Nikita Krupskii afirma: "A revolucionar o mundo".
A Web Summit, que arrancou na segunda-feira, em Lisboa, termina na quinta-feira.
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