"Os meios de comunicação social independentes da Turquia estão a enfrentar os resultados catastróficos do embargo da Google ao nosso tráfego de leitores", diz a carta, assinada pelo diário Birgün e pelos meios de comunicação social digitais Arti Gerçek, Diken, Ekonomim, Gazete Pencere, Ilke TV, Kisa Dalga, Medyascope e T24.
Desde o final de janeiro, estes meios de comunicação social observaram uma quebra de até 98% no tráfego através das aplicações Google Discover e Google News, sem saberem a causa e sem qualquer explicação por parte dos responsáveis da empresa na Turquia.
Esta queda não está diretamente relacionada com as alterações de algoritmo que a Google aplica periodicamente ao seu motor de busca, explicou à EFE Ugur Koç, coordenador da versão digital do BirGün, numa conversa telefónica.
Embora a alteração de setembro de 2023 e, em menor grau, a de agosto último, tenham suscitado queixas de vários pequenos meios de comunicação social de todo o mundo sobre a perda de tráfego, a queda de visitas observada pelos meios de comunicação social turcos não se deve aos algoritmos do motor de busca, mas sim aos do Discover and News, um sistema diferente, disse Koç.
Estas aplicações baseiam-se nas reações dos leitores para personalizar a seleção de notícias que lhes são oferecidas, tornando-se assim uma fonte regular de tráfego que pode representar cerca de 50% dos leitores de um meio de comunicação social, afirmou.
Já em outubro passado se assistiu a uma queda acentuada deste tráfego, com uma quebra de 80-90% e, embora as visitas tenham recuperado ao fim de um mês, voltaram a cair desde janeiro, desta vez para quase zero, observou Koç.
De momento, vários meios de comunicação social independentes queixam-se de que a sua subsistência está em perigo devido à diminuição do número de leitores e, consequentemente, das receitas publicitárias, tanto privadas como institucionais, ao ponto de obrigar ao encerramento do Duvar, acrescentou.
Não é claro se os fenómenos afetam todos os meios de comunicação social na Turquia, uma vez que se desconhecem os pormenores do tráfego de cada empresa, mas os jornais dos grandes conglomerados, na sua maioria próximos do Governo, não correm o mesmo risco de falência que os digitais independentes, reiterou o coordenador digital do BirGün.
Perante esta situação, a carta aberta apela à Google para que mantenha um canal de comunicação aberto com as empresas de 'media' digitais, propondo ao mesmo tempo que o Conselho da Concorrência turco acompanhe a questão e que os anunciantes canalizem os seus investimentos publicitários diretamente para os 'media'.
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