Num comunicado divulgado pela CNA, o Gabinete de Investigação do Ministério da Justiça de Taiwan afirmou que 34 locais foram revistados este mês e 90 pessoas foram interrogadas, no âmbito de uma investigação em grande escala sobre onze empresas tecnológicas chinesas, incluindo a SMIC.
De acordo com a agência, a empresa sediada em Xangai, que foi colocada na lista negra como entidade impedida de aceder à tecnologia dos Estados Unidos, criou alegadamente uma sucursal em Taiwan "sob a fachada de um investimento estrangeiro fictício", a fim de "recrutar talentos locais".
Sede da TSMC, o maior fabricante de semicondutores do mundo, Taiwan é líder mundial na produção de 'chips' avançados, que são essenciais para o desenvolvimento de aplicações de inteligência artificial (IA), e os seus engenheiros são altamente valorizados na China, dada a proximidade geográfica e a utilização do mandarim como língua comum.
O Gabinete de Investigação de Taiwan lançou um projeto no final de 2020 para combater os casos de roubo de talentos e de segredos tecnológicos, tendo investigado até agora mais de uma centena de casos deste tipo, de acordo com o comunicado.
As táticas das empresas chinesas incluem muitas vezes a criação de sucursais em Taiwan "sob o disfarce de empresas taiwanesas ou falsas empresas com investimento estrangeiro", a criação de pontos de operação "não autorizados" ou a utilização de empresas de recursos humanos "para enviar funcionários de forma fraudulenta, ocultando assim a sua verdadeira identidade".
"A indústria de alta tecnologia é o pilar da economia de Taiwan e o pessoal destas indústrias tornou-se alvo de recrutamento por parte de empresas chinesas", lê-se no comunicado.
De acordo com a TrendForce, a SMIC terminou o quarto trimestre de 2024 como a empresa com a terceira maior quota do mercado mundial de fabrico de semicondutores (5,5%), muito atrás da TSMC de Taiwan, que lidera a lista com 67,1%.
O lançamento deste inquérito surge também num contexto de agravamento das relações entre a China e Taiwan, uma ilha governada autonomamente desde 1949 e considerada pelas autoridades de Pequim como parte do território chinês.
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