“Somos uma empresa tecnológica, não somos uma empresa de media”, afirmou Mark Zuckerberg numa sessão de pergunta e resposta em Itália depois da visita ao Papa Francisco. O CEO da rede social elaborou esta ideia, referindo que apenas toma responsabilidade “pelas ferramentas, não produzimos qualquer conteúdo”.
A questão foi colocada por um participante no seguimento da pressão que a rede social tem sido alvo de vários reguladores europeus. Um deles é o ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, que tem apelado à rede social que remova publicações relacionadas com discurso de ódio e extremista assim como conteúdo ilegal.
Mesmo que sejam questões na ordem do dia e que geram preocupação por parte dos internautas, Mark Zuckerberg continua irredutível na sua visão, procurando garantir uma liberdade total e a “forma de media mais diversificada que já existiu”. “Existimos para vos darmos as ferramentas necessárias para a curadoria… todas as pessoas podem programar a sua própria experiência no Facebook,” apontou Zuckerberg de acordo com o Ars Technica.
Media ou Tech. Qual é a diferença e porque não o faz?
Nesta altura pode estar a questionar-se sobre o motivo que leva o Facebook a afastar-se da designação ‘empresa de media’. Como nota o Recode, a rede social pode sofrer consequências por parte dos investidores caso se venha a afirmar como tal. O mercado tecnológico é mais atraente não só para ao investimento privado como também para engenheiros, programadores e todas as pessoas que ajudaram a tornar o Facebook a maior rede social do mundo.
Ainda assim, fica difícil olhar para o Facebook como algo de diferente quando se olha para a evolução das suas receitas relacionadas com publicidade ao longo dos últimos quatro anos. Começando no segundo trimestre de 2012, o Facebook obteve 992 milhões de dólares (890.5 milhões de euros) apenas com publicidade. O montante é alto mas ‘empalidece’ quando comparado com o valor relativo ao segundo trimestre de 2016, na ordem dos 6.240 mil milhões de dólares (5.6 mil milhões de euros).
A rede social tem-se esforçado em adaptar-se aos desejos dos anunciantes, com a constante aposta no formato de vídeo a ser um sinal disso mesmo. A verdade é que há cada vez mais pessoas a recorrer ao Facebook (e a outras redes sociais) como autênticos HUBs de informação noticiosa, tomando o pulso à atualidade e ver o que está a ser mais falado.
Porém, até aqui o Facebook se pretende afastar da imagem de uma empresa de media. O recente despedimento da equipa encarregue da curadoria da área Trending News é uma demonstração disso mesmo. Em vez de colaboradores humanos, a escolha de notícias mostradas nesta área passará a ser feita por algoritmos, uma mudança feita com a intenção de ser o mais imparcial possível e agradar a todos os potenciais interessados e investidores.
Prevê-se que o crescimento galopante do Facebook nos últimos anos continue durante todo o 2016, sendo também de esperar que os reguladores europeus não abrandem o controlo do conteúdo online e coloquem em cheque a circulação de informação desregulada.