'Altered Carbon'. A série da Netflix que põe a morte em xeque

Os 10 episódios de série cyberpunk foram antecipados ao Notícias ao Minuto.

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Raquel Lima
22/01/2018 16:30 ‧ 22/01/2018 por Raquel Lima

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Lançamento

Em 2 de fevereiro de 2018, nascerá um clássico cyberpunk. 'Altered Carbon' cumpre todos os requisitos da checklist de um título do género: tecnologia avançada, humanidade recuada, marginalidade, estética entre filtros escuros e neons vibrantes. O que deve garantir o status cult à série original da Netflix é o primor de Laeta Kalogridis.

'Altered Carbon' é um projeto de Kalogridis, que tem currículo extenso como produtora executiva ('Avatar', de 2009, é um exemplo) e argumentista ('Ilha do Medo', de 2010 é outro). Foi dela, no início de 2016, a ideia de transpor o jovem da trilogia literária de Richard K. Morgan para um produto audiovisual.

A crueza, a violência e o sexo engavetaram a adaptação até que a Netflix - que não tem pudores em transformar em streaming conteúdo para maiores de 18 anos - entrar na jogada. E com ela, Miguel Sapochnik - premiado realizador de episódios como 'A Batalha dos Bastardos' e 'Os Ventos do Inverno', de 'Game of Thrones', que assume o episódio piloto de 'Altered Carbon'.

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A dupla sintetiza o melhor de 'Matrix' e 'Ghost In The Shell: Vigilante do Amanhã', além de reverenciar 'Blade Runner'. Como todo bom cyberpunk, 'Altered Carbon' é existencial. E a argumentista e o realizador acertam na mão ao confrontar realidade e espiritualidade. A primeira frase da série é: “O teu corpo não és tu” - perdoe-nos o spoiler.

A ação passa-se em Bay City, uma cidade da Terra, 300 anos no futuro. Sim, os humanos vivem fora do planeta, que não tem fronteiras, a não ser as financeiras. Nesta sociedade em que o corpo é apenas uma capa que carrega a alma num cartucho, convivem descendentes de russos, árabes, japoneses e virtuais que “encapam” Inteligência Artificial. Se o corpo é descartável, a língua é apenas um detalhe.

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Politicamente, a babel que é Bay City é administrada pelo Protetorado e disputada por neocatólicos de movimentos que tentam “salvar a alma”, polícias, bandidos, trans-encapados (uma representação dos transgéneros), matusas (ricos que dominam tecnologias e leis) e emissários (rebeldes treinados por Quellcrist Fallconer, há 250 anos).

Aliás, já não há emissários. Todos foram dizimados na Batalha de Stronghold. “Força mais formidável da galáxia”, Takeshi Kovacs, vivido pelo sueco Joel Kinnaman, é “ressuscitado” para solucionar o assassinato do mais poderoso matusa (o termo vem de Matusalém), Laurens Bancroft (James Purefoy). No caminho do ex-rebelde, está a detetive Kristin Ortega (Martha Higareda).

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Em 10 episódios de cerca de 50 minutos, há excelentes atuações, bem como coreografias de luta de Larnell Stovall (coordenador da ação de 'Capitão América: Guerra Civil'). A fotografia de Neville Kidd ('Sherlock') também merece destaque, assim como os efeitos especiais, que talvez justifiquem o orçamento de 'Altered Carbon'- segundo rumores, cada episódio custou 7 milhões de dólares.

Entre militância religiosa, intolerância, perversão sexual e violência, o pano de fundo de toda a série é o “carbono alterado” do título, a promessa de libertação do eu da carne, a imortalidade. Mas a vida eterna em Bay City pode - ou não - ser um paraíso, como diz Quell a Kovacs: “Não presumas nada. Ou não vais ver o que realmente interessa”.

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