Chega vota contra Orçamento da AD se não houver "negociação"
Um dia depois das eleições legislativas, André Ventura, presidente do Chega, insiste que AD deve "negociar" com o seu partido e defende que não haver essa cedência é "espezinhar um milhão de portugueses".
© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images
Política CHEGA
O presidente do Chega, André Ventura, admitiu, esta segunda-feira, "não apresentar uma moção de rejeição" ao Governo da Aliança Democrática (AD), mas votar "contra o Orçamento" do Estado caso não ocorra "nenhuma negociação" com o seu partido.
"Admito não apresentar uma moção de rejeição", disse André Ventura, em entrevista à CNN Portugal, já depois de insistir que os portugueses "optaram" por um "Governo liderado pelo PSD, mas com o Chega como pilar fundamental", ou seja, "um Governo a dois", e que os cenários que se seguem dependem "do programa do Governo".
"Se não houver nenhuma negociação, isso é humilhar o Chega e então eu votarei contra o Orçamento", clarificou.
Depois de referir que ainda não falou com o presidente do PSD, Luís Montenegro, além de lhe ter enviado uma mensagem de felicitações pela sua "aparente vitória", Ventura insiste que o Chega deve integrar um Governo de direita. "O que os portugueses estão a dizer é: governem os dois e entendam-se", reiterou.
Para Ventura, "o mais fácil" era dizer que "está fora de tudo" para "crescer", contudo, optou por ser "responsável", mostrando-se disponível para negociar e criar um Governo.
"Há uma coisa que nós fizemos, fomos responsáveis. E eu disse ontem, 'apesar de ter mais de um milhão de votos, nós estamos disponíveis para nos sentar, para criar um Governo'. Não ouvi o PSD dizer o mesmo. Nós cedemos, fomos responsáveis e dissemos, contrariando até o que o nosso eleitorado, que estamos disponíveis para dar um Governo estável a Portugal", disse. "Porque ninguém quer andar de seis em seis meses em eleições", atirou.
O líder do Chega acusou ainda a AD de se preparar para "levar o país para a total irresponsabilidade".
"Aparentemente, a AD prepara-se para evitar a possibilidade de uma maioria e de levar o país para a total irresponsabilidade", disse, defendendo que é uma atitude "soberba" ignorar um milhão de portugueses ao evitar uma "convergência para dar quatro anos de estabilidade" ao país.
"Eu estou disponível para sacrificar tudo para que os portugueses tenham estabilidade. Agora, também compreenderão, se do outro lado disserem 'nós não queremos nem olhar para vocês, nem olhar para as vossas propostas, nem sequer falar convosco'. Então isso não é pisar-nos, é espezinhar um milhão e de portugueses. São eles os responsáveis pela ingovernabilidade, não somos nós", acusou.
"Eu já fiz de tudo o possível para dizer ao PSD, ajudem-nos a criar um Governo estável. Mais só se eu me humilhar", insistiu, referindo que "é preciso chegar à mesa de negociação, ceder" e "chegar a um acordo".
O Chega, recorde-se, quadruplicou o número de deputados eleitos face às últimas eleições legislativas, em 2022, e ultrapassou um milhão de votos. O partido, que foi o que mais cresceu em número de votos (18,06%), elegeu 48 deputados, numa altura em que ainda falta atribuir os quatro mandatos pela emigração (círculos da Europa e Fora da Europa).
[Notícia atualizada às 21h54]
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