Truong My Lan, de 67 anos, sentou-se no banco dos réus na cidade de Ho Chi Minh (sul), juntamente com outros 33 arguidos, para ouvir a acusação pelos crimes de fraude, branqueamento de capitais e transferência ilegal transfronteiriça de dinheiro, avançou a imprensa oficial vietnamita.
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De acordo com a acusação, os arguidos emitiram pacotes de obrigações no valor de 31 mil milhões de dong (mais de 1,13 mil milhões de euros) através do banco Saigon Commercial Bank (SCB) sem garantias para os quase 36 mil investidores, a maioria dos quais não recuperou o dinheiro.
Dezenas de vítimas manifestaram-se esta semana no centro da capital, Hanói, exigindo que as autoridades recuperassem o investimento.
O Ministério Público identificou 21 empresas controladas pelo gigante imobiliário Van Thinh Phat (VTP), do qual Truong era presidente, responsáveis pela transferência ilegal de mais de 4,04 mil milhões de euros entre contas bancárias do Vietname e do estrangeiro entre 2012-2022.
A empresária é também acusada de desviar 16,1 mil milhões de euros obtidos por meio de fraude, no julgamento que deverá durar um mês.
Em abril, a justiça do Vietname condenou à pena de morte Truong por corrupção, depois de a empresária se ter apropriado de fundos do SCB, no total de 25 mil milhões de euros, durante uma década.
As ações de Truong "corroeram a confiança das pessoas na liderança do Partido [Comunista] e do Estado", afirmou o júri, de acordo com os meios de comunicação locais, durante o julgamento realizado também em Ho Chi Minh.
A empresária recorreu da sentença, mas ainda não foi tornada pública a data para uma decisão sobre este recurso.
A detenção de Lan, em outubro de 2022, foi uma das mais notórias de uma campanha anticorrupção em curso no Vietname. A chamada operação "Forno Ardente" atingiu os mais altos escalões da política vietnamita.
Em março, o Presidente vietnamita Vo Van Thuong renunciou ao cargo depois de ser implicado nas investigações anticorrupção.
A VTP estava entre as empresas imobiliárias mais ricas do Vietname, com projetos que incluíam edifícios residenciais de luxo, escritórios, hotéis e centros comerciais.
O setor imobiliário no Vietname foi particularmente atingido em todo esse processo: cerca de 1.300 empresas imobiliárias retiraram-se do mercado no ano passado e promotores têm oferecido descontos e ouro como presentes para atrair compradores, de acordo com os meios de comunicação locais.
Em novembro, o secretário-geral do Partido Comunista, Nguyen Phu Trong, o principal político do Vietname, disse que a luta anticorrupção iria "continuar a longo prazo".
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