Lusoamericano "rei da batata-doce" pede reforma na imigração e civilidade

O luso-americano Manuel Eduardo Vieira, conhecido como "rei da batata-doce" e uma das grandes figuras da diáspora portuguesa na Califórnia, quer civilidade na eleição presidencial norte-americana e, após esta, uma reforma da política de imigração. 

© Reuters

Mundo Eleições EUA 26/10/24 POR Lusa

"A imigração é das coisas que mais nos preocupa", disse o comendador Vieira em entrevista à Lusa, na sede da sua empresa A.V. Thomas Produce em Atwater, Califórnia. "Não sou a favor de entrarem montes de ilegais, claro, mas se não forem os imigrantes, agricultura, agropecuária e construção não funcionam". 

PUB

 

Manuel Eduardo Vieira criou o seu império de batata-doce nos anos setenta e tornou-se no maior produtor e embalador do alimento nos Estados Unidos. Cerca de 1.500 pessoas trabalham na sua fábrica e a maioria são imigrantes. 

"Uma das coisas que nós precisamos é de imigração", afirmou o empresário. "O país precisa da mão-de-obra não qualificada. Quem é que pensam que trabalha o terreno, que planta, faz irrigação? São só os imigrantes. Se estão legais ou não estão, não sei". 

O lusoamericano, que emigrou do Pico para o Brasil nos anos sessenta e depois chegou à Califórnia, considera que uma das prioridades da próxima administração na Casa Branca deve ser a reforma da imigração. 

Apertando mãos e dando palavras de encorajamento aos trabalhadores na sua fábrica, Vieira quer melhores condições para os imigrantes e defende a legalização dos ilegais que já estão no país, trabalham, pagam impostos e têm famílias. 

O empresário, que vive em Livingston, pretende votar presencialmente, mas não dá como certo o seu sentido de voto. "Ainda existe uma enorme percentagem de indecisos. Eu também sou um deles", afirmou.

Para Vieira, que viveu num Portugal fascista e num Brasil controlado por uma ditadura militar, o sonho americano foi o primeiro contacto com a democracia. O português mostra-se agora insatisfeito com o ambiente político. 

"Está-se a passar algo nos Estados Unidos que é muito diferente daquilo que eu vi quando cá cheguei e durante muitos anos", afirmou. "Resido aqui há 52 anos e pela primeira vez um candidato que foi derrotado não aceitou a vitória do outro e continua a não aceitar, nem foi à tomada de posse", apontou. "Isto nunca tinha acontecido antes". 

Vieira disse ter simpatia por um partido mas que nem sempre vota no candidato desse partido, optando por escolher conforme o histórico e as atitudes da pessoa em causa. O tom da campanha atual é, disse, inadmissível numa democracia. 

"Há insultos. Há palavras de baixo escalão. Há frases que não deviam ser proferidas", afirmou. "E isto vem em parte dos candidatos que insinuam se não votares em mim, eu não vou ser teu amigo, pelo contrário vou ser teu inimigo e vou retaliar. Isso não é bom para a democracia. Isso não é democracia". 

Além da imigração, a política externa é o assunto que mais preocupa Manuel Eduardo Vieira, que quer ver os Estados Unidos a continuar a sua cooperação com os aliados da NATO. 

"O meu receio maior ainda é na parte internacional", afirmou, referindo que considera Vladimir Putin perigoso. "Se este país deixar de contribuir, deixar de apoiar as diretrizes da NATO, podemos ter grandes problemas".

Já a comunidade portuguesa do vale de São Joaquim, considerou, "está muito bem" e mantém as suas tradições. "Há um alicerce muito forte para que as irmandades, principalmente em honra e louvores do Espírito Santo, continuem". 

Os portugueses também continuam a eleger congressistas lusodescendentes, o que é importante para os seus interesses. "Nós apoiamos todos por igual quando há um candidato lusoamericano", referiu o empresário. 

O que mais preocupa a comunidade é a economia e inflação, referiu, salientando que houve um aumento considerável dos preços. Ainda assim, o português indicou que a economia norte-americana está bastante melhor que outras e que o PIB do país é muito superior. 

Apontando que nenhum analista consegue dar certezas sobre o resultado das eleições, porque Donald Trump e Kamala Harris estão empatados, o comendador mostrou-se algo otimista com o futuro e a resiliência da democracia norte-americana. No entanto, quer ver maior civilidade na eleição e na política. 

"Não gosto de gente que mente. Nós temos que ser verdadeiros olhos nos olhos. Acho que é um dos segredos do meu sucesso", afirmou o empresário, que recebeu a Comenda da Ordem do Mérito em 2011 e acumula duas dezenas de prémios e condecorações. Há uma estátua em sua honra no Pico. 

"Lamentavelmente, os governantes estão mais preocupados com o seu partido e consigo próprios do que com o bem do povo", apontou. 

Ao vencedor a 05 de novembro, deseja sorte. O que vai ser eleito eu não sei e ninguém sabe. Não há bola de cristal". 

Leia Também: Dolores, Sophie e Gilbert votaram mais cedo e por causa de Trump

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

auto BYD Há 9 Horas

Japoneses descobriram segredo da BYD e o porquê de carros tão baratos

fama Carolina Patrocínio Há 3 Horas

Carolina Patrocínio liga à mãe durante programa: "Estou grávida"

fama João Monteiro Há 9 Horas

João Monteiro partilha fotos de "fim de semana fantástico"

pais Torres Vedras Há 3 Horas

Homem armado com catana invade Câmara de Torres Vedras. Há 4 feridos

auto Manutenção Há 7 Horas

Quando desliga o carro é melhor fazer isto para evitar avarias

fama Cláudia Vieira Há 8 Horas

Cláudia Vieira em 'red carpet' internacional com look de 1600 euros

lifestyle Emagrecer Há 8 Horas

As pequenas sementes que são grandes aliadas na perda de peso

fama Margarida Corceiro Há 11 Horas

O vídeo da festa de celebração dos 22 anos de Margarida Corceiro

tech Telemóvel Há 10 Horas

Sofre com telefonemas de número desconhecido? Eis a app que deve conhecer

lifestyle Signos Há 6 Horas

Brincadeira não tem hora limite. Os signos mais alegres do zodíaco