Demolições executadas por Israel em Jerusalém Oriental causam indignação

As demolições de edifícios num bairro de Jerusalém Oriental, considerado particularmente uma ameaça por Israel pela proximidade de locais religiosos, estão a gerar indignação contra as autoridades israelitas.

Demolições executadas por Israel em Jerusalém Oriental causam indignação

As demolições de edifícios num bairro de Jerusalém Oriental, considerado particularmente uma ameaça por Israel pela proximidade de locais religiosos, estão a gerar indignação contra as autoridades israelitas.

© Getty Images

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Mundo Médio Oriente 15/11/24 POR Lusa


"Estão a tentar deitar-nos abaixo", frisou  à agência France-Presse (AFP) Fakhri Abou Diab, uma figura em al-Bustan, uma parte do bairro de Silwan onde a polícia israelita destruiu no dia anterior um centro cultural e uma tenda onde decorriam manifestações contra a ameaça de demolição.

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"Foi daqui que partiram as mensagens enviadas para a nossa comunidade e para o mundo, querem cortar a cabeça" ao movimento, acrescentou Diab, cuja casa foi destruída.

Após a destruição de sete casas em Silwan já na semana passada, cerca de trinta pessoas ficaram sem casa, noticiou hoje a AFP.

As diplomacias de vários países e organizações não-governamentais (ONG) reagiram a esta destruição em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel desde 1967.

O bairro visado, al-Bustan (o jardim, em árabe), faz parte de Silwan, um subúrbio de Jerusalém Oriental, perto da Cidade Velha onde se concentram vários locais sagrados cristãos, judeus e muçulmanos, numa zona onde a colonização israelita intensificou-se nos últimos anos.

"Esta área tem estado sob pressão concertada do Estado e dos colonos durante anos devido às propriedades históricas que contém e à sua proximidade com o Haram al-Sharif/Monte do Templo e a Cidade Velha", realçou a ONG israelita anti-colonização Ir Amim .

A Câmara Municipal de Jerusalém citou decisões judiciais que exigem a demolição dos edifícios, devido às leis de zonamento que os tornam ilegais.

As autoridades israelitas classificaram parte de Silwan como área protegida, explicando que a sua intenção era criar um parque turístico e religioso no local.

A ONG Ir Amim sustentou que o verdadeiro objetivo das demolições é ligar áreas com colonos israelitas em bairros palestinianos a Jerusalém Ocidental.

Já o Consulado Geral de França em Jerusalém realçou, num comunicado divulgado na quarta-feira, que França estava indignada com a demolição, especificando que "mais de meio milhão de euros" foram investidos pelo país desde 2019.

Diplomatas de vários países, sobretudo europeus, visitaram este bairro nos últimos meses para chamar a atenção para as ameaças de demolição.

Mais de 230 mil israelitas vivem em Jerusalém Oriental, onde residem mais de 360 mil palestinianos.

Os palestinianos querem fazer de Jerusalém Oriental a capital do Estado a que aspiram. Israel, pelo contrário, considera Jerusalém a sua capital "unificada e indivisível".

As tensões estão elevadas na região desde 07 de outubro de 2023, data em que Israel declarou uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 97 dos quais continuam em cativeiro, 34 deles entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 405.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 43.736 mortos (quase 2% da população), entre os quais 17.000 menores, e pelo menos 103.370 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

 

DMC // RBF

Lusa/Fim

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